“ O asfalto é o choro de David veio depois da morte”: protesto exige justiça por grávida e bebê mortos em acidente causado por buraco em Manaus

Por: Redação

Manaus- O que era para ser apenas mais uma noite comum em Manaus se transformou em um grito coletivo de dor, revolta e exigência de justiça. Na noite desta segunda-feira (30), familiares, amigos e moradores da capital amazonense tomaram a Avenida das Torres em um protesto marcado pela comoção após a morte trágica de Giovana Ribeiro da Silva, de 29 anos, grávida de nove meses, e sua filha, Maria Carolina.

Veja o vídeo do protesto da família:

Ambas morreram em um acidente de trânsito no último dia 22 de junho, na Avenida Djalma Batista, quando a motocicleta em que estavam caiu em um buraco. A negligência da Prefeitura de Manaus em realizar a manutenção da via foi apontada como a causa direta da tragédia. “Eles mentem. Nós enterramos. Isso não foi acidente, foi negligência”, dizia uma das faixas exibidas no protesto.

“O prefeito só foi asfaltar depois que minha esposa morreu”, desabafou o viúvo de Giovana, em uma declaração que ecoou como denúncia da omissão do poder público.

A manifestação, organizada espontaneamente pela população, reuniu dezenas de pessoas e trouxe à tona um problema antigo: a precariedade das vias urbanas em Manaus. Apesar das promessas de revitalização e dos contratos milionários do programa “Asfalta Manaus”, as ruas e avenidas seguem cheias de buracos, colocando em risco a vida de motoristas e pedestres.

Silêncio e ausência do poder público

O mais chocante, segundo moradores, foi a ausência de qualquer manifestação pública de solidariedade por parte do prefeito David Almeida (Avante), do vice-prefeito Renato Júnior, da primeira-dama ou de qualquer representante da Prefeitura de Manaus. Nenhuma nota, nenhuma visita, nenhum gesto de apoio. O silêncio oficial agravou ainda mais a dor da família e gerou indignação nas redes sociais.

“Não é só sobre um buraco. É sobre vidas perdidas por causa da irresponsabilidade de quem deveria cuidar da cidade. Giovana e sua bebê morreram porque o básico não foi feito: tapar um buraco”, comentou uma manifestante presente no protesto.

Justiça e responsabilização

A família de Giovana agora busca justiça. Segundo relatos, a motocicleta caiu no buraco, e a pancada foi tão grave que nem a mãe, nem o bebê resistiram. Amigos relataram que o trecho da avenida estava há semanas em condições críticas e que diversos acidentes já haviam ocorrido no local.

Com cartazes, camisetas e gritos de protesto, a manifestação desta segunda transformou o luto em luta. “O luto virou luta!”, dizia a faixa central, com as fotos de Giovana e da filha estampadas.

Conclusão: tragédia anunciada

O caso de Giovana e Maria Carolina não pode ser tratado como uma fatalidade. É uma tragédia anunciada, fruto de um sistema público que negligencia suas responsabilidades mais básicas, como a manutenção das ruas. A comoção popular é legítima e necessária. Mais do que luto, a cidade exige ação, transparência e responsabilização.