Manaus – Vendido como um marco de mobilidade urbana para a zona Leste de Manaus, o viaduto Rei Pelé, no entroncamento da avenida Autaz Mirim com a avenida Camapuã, já mostra seu verdadeiro retrato: o de mais uma obra feita às pressas, sem segurança adequada e com vítimas humanas como consequência.
Antes mesmo da inauguração oficial, realizada no fim de junho de 2025, o viaduto já havia ceifado a vida de pelo menos dois motociclistas. Um deles, Marcelo, morreu após cair de uma altura considerável ao colidir com a mureta da estrutura. O caso, tratado com frieza pela administração pública, gerou protestos da população local, que apelidou o local de “Viaduto da Morte”.
Um projeto bonito no papel, mas perigoso na prática
O complexo viário Rei Pelé foi entregue com três níveis de tráfego, ciclovia, áreas verdes e toda uma estética que agrada à fotografia oficial da Prefeitura. No entanto, bastaram poucos dias de uso real para os problemas aparecerem. A ausência de sinalização clara, a má iluminação noturna e o projeto aparentemente incompatível com o alto fluxo de motociclistas e pedestres da área resultaram em tragédias.
A pressa em entregar a obra para fins de marketing político em pleno ano pré-eleitoral evidencia o padrão conhecido da atual gestão municipal: obras vistosas, mas mal planejadas, que ignoram aspectos básicos de segurança viária e acessibilidade. A prioridade não parece ser a vida das pessoas, mas a foto da fita sendo cortada.
Vidas perdidas e o silêncio da Prefeitura
A morte de Marcelo gerou comoção e revolta. Familiares e moradores da região realizaram manifestações exigindo responsabilização, melhorias e justiça. Mas o que se viu foi o silêncio ensurdecedor da Prefeitura e do prefeito David Almeida, que preferiu manter a agenda de eventos e postagens publicitárias, como se nada tivesse acontecido.
O viaduto Rei Pelé deveria ser símbolo de avanço, mas hoje é retrato do descaso. E Manaus, mais uma vez, assiste a um projeto mal executado ser inaugurado sem a devida responsabilidade técnica e humana.
A quem interessa esse tipo de obra?
Obras públicas deveriam ter como prioridade o bem-estar da população. Porém, quando a principal motivação é o marketing político e a maquiagem urbana, os resultados são trágicos. As mortes no viaduto Rei Pelé não foram acidentes isolados: foram frutos da omissão, do improviso e do desrespeito com a vida.
Enquanto isso, a gestão de David Almeida coleciona inaugurações e acidentes. E quem paga o preço são os cidadãos de Manaus com sangue.