Wilson Lima repudia falas do governador de Minas Gerais Romeu Zema, sobre Norte e Nordeste do país

Os governadores do Nordeste reagiram às declarações do governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), que defendeu uma frente Sul-Sudeste contra os estados do Norte e do Nordeste do país.

Neste domingo (6), os chefes do executivo da região publicaram uma carta em críticas a Zema, assinada pelo governador da Paraíba, João Azevedo (PSB), que preside o Consórcio Nordeste.

Na nota, os governadores lembraram que os consórcios Nordeste e da Amazônia Legal foram criados, justamente, por existir uma “profunda identidade regional, cultural e histórica”, com o objetivo de fortalecer as regiões , negando qualquer tipo de lampejo separatista.

Declarações de Romeu Zema

Em entrevista ao jornal O Estado de São Paulo, no último sábado (5), Zema afirmou que foi criado um consórcio reunindo estados do Sul e do Sudeste, em oposição ao Norte e ao Nordeste. O bloco Consórcio Sul-Sudeste (Cossud) visa defender um maior protagonismo político e econômico dessas regiões.

Nas declarações, ele afirmou que os estados devem “lutar” por uma maior igualdade nos repasses e programas do governo federal. O governador também se referiu à região Nordeste como “vaquinhas que produzem pouco”.

“Outras regiões do Brasil, com estados muito menores em termos de economia e população, se unem e conseguem votar e aprovar uma série de projetos em Brasília. E nós, que representamos 56% dos brasileiros, mas que sempre ficamos cada um por si, olhando só o seu quintal, perdemos. Ficou claro nessa reforma tributária que já começamos a mostrar nosso peso”, declarou Zema ao Estadão.

Ainda na carta do Consórcio Nordeste, os governadores declaram que a união dos estados do Sul e Sudeste em um Consórcio “pode representar um avanço na consolidação de um novo arranjo federativo no país”.

Políticos se pronunciam

Governadores e parlamentares do Nordeste também repudiaram as falas de Zema. A chefe do executivo de Pernambuco, Raquel Lyra (PSDB), disse que “o Nordeste é parte da solução do País e deve receber atenção nas discussões federativas por tanto tempo de descaso e indiferença”, declarou a governadora em publicação nas redes sociais.

O governador do Maranhão, Carlos Brandão (PSB), usou o Twitter para declarar que “ódio e divisão não tornarão o país melhor”.

Senadores nordestinos também criticaram a proposta do mineiro.

No Twitter, Humberto Costa (PT-PE) classificou a declaração de Zema como retrato da ignorância e preconceito. Rogério Carvalho (PT-SE) vê como “preocupante e abominável” a postura do mineiro. Já o líder do PSD no senado, Otto Alencar (PSD-BA), destacou que MG tem “249 municípios incluídos como região nordeste”, e por isso, “tem os benefícios da Sudene e do Banco Nordeste”.

Também no Twitter, ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, disse “é absurdo que a extrema-direita esteja fomentando divisões regionais. Precisamos do Brasil unido e forte. Está na Constituição, no art 19, que é proibido ‘criar distinções entre brasileiros ou preferências entre si’, declarou ele. “Traidor da Constituição é traidor da Pátria, disse Ulysses Guimarães”, finalizou o ministro.

Wilson Lima reforça crítica ao governador Romeu Zema

O governador do Amazonas, Wilson Lima (UB), reforçou o coro de críticas de governadores do Norte e Nordeste às declarações feitas pelo governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), de uma frente de “protagonismo” das regiões Sul e Sudeste. Lima taxou a fala do governador de Minas como “ruim” e afirmou que a pobreza, no Brasil, se concentra nas regiões Norte e Nordeste.

“Uma declaração dessa é muito ruim porque a pobreza se concentra no Norte e no Nordeste. Sul e Sudeste não querem abrir mão do que eles têm em termos de competitividade, mas é necessário um equilíbrio. É muito perigoso estabelecer um cabo de guerra entre as regiões e colocar uma população contra a outra“, afirmou o governador Wilson em entrevista ao Estadão publicada neste domingo, 6.

Lima, que se apresenta como um político de direita, assim como Zema, avaliou que a busca por um candidato para 2026 precisa estar separada dos interesses relacionados ao acesso de recursos para regiões como Norte e Nordeste. “A reforma tributária está acima de qualquer questão partidária. Eu sou de direita, todo mundo sabe disso, mas procuro um caminho de equilíbrio”, completou.