Urgente: ‘Confronto violento’ entre China e Índia deixa ao menos 3 soldados mortos no Himalaia

NOVA DÉLHI — Três soldados indianos foram mortos durante um “confronto violento” com militares chineses no Himalaia, disse nesta terça-feira o Exército da Índia. Estas foram as primeiras mortes registradas em confrontos na região fronteiriça em décadas, em meio ao acirramento das tensões entre os vizinhos com arsenais nucleares, que vem ocorrendo desde o início de maio.


As mortes aconteceram no vale do rio Galwan, em Ladakh, onde a disputa fronteiriça é intensa, mas sem mortes em conflito desde 1975. Segundo a imprensa indiana, um militar de alta patente estaria entre as vítimas e ao menos 34 soldados estariam desaparecidos. Os detalhes do incidente, no entanto, ainda são desconhecidos.

O Ministério das Relações Exteriores indiano, por meio de seu porta-voz, disse que o confronto foi resultado de uma tentativa chinesa de “mudar unilateralmente o status quo” da região. Segundo Anurag Srivastava, ambos os lados sofreram perdas que poderiam ter sido evitadas caso a China tivesse cumprido um acordo prévio para aliviar as tensões, sem especificar os detalhes. Representantes de Délhi disseram ainda que “autoridades militares de ambos os lados estão se encontrando para aliviar a situação”.


O porta-voz da Chancelaria chinesa, Zhao Lijian, não confirmou as mortes, mas afirmou que os militares do seu país foram “provocados e atacados” e que soldados indianos cruzaram duas vezes a fronteira entre os dois países. Mais tarde, o destacamento do Exército Popular da Libertação da região demandou que todas as violações e ações provocativas indianas sejam cessadas e que as divergências sejam resolvidas por diálogos.


As históricas tensões regionais voltaram a se acirrar em maio, quando os chineses enviaram suas tropas para três pontos estratégicos da fronteira, dois deles em Ladakh, região estratégica entre o Tibete e a Caxemira paquistanesa. Segundo a imprensa indiana, os chineses teriam ocupado uma área no vale do rio Galwan, por onde passa uma rodovia estratégica para Délhi. Outro ponto de disputa diz respeito ao lago glacial Pangong, a mais de 4 mil metros de altitude.Disputa histórica
Nas últimas semanas, segundo relatos da imprensa indiana, soldados entraram em confronto usando pedras e pedaços de madeira, deixando dezenas de feridos. Reguladas por protocolos, as patrulhas fronteiriças são proibidas de portar armas de fogo na região.


A disputa territorial na região do Himalaia vem desde a década de 1950, quando a Índia concedeu asilo ao Dalai Lama após uma rebelião contra o governo chinês no Tibete em 1959. Três anos depois, os dois países entraram em guerra — a gota d’água foi a objeção chinesa à criação de postos militares indianos na fronteira, traçada pelo Império Britânico em 1914.


A China reivindica cerca de 90 mil km2 na região Oeste do Himalaia e outros 38 mil km2 no Leste. Novos confrontos foram registrados em 1967 e 1987, mas o cenário era majoritariamente pacífico nas últimas décadas, com cinco tratados assinados entre Délhi e Pequim entre 1993 e 2013, ao mesmo tempo em que os dois países viam sua economia crescer e a China tornou-se a maior parceira comercial da Índia.


Relações frágeis
As tensões se acirraram desde então, com conflitos armados em 2013 e 2017, mas são majoritariamente esporádicos, frente ao inverno brutal da região. O incidente desta vez, no entanto, parece ser diferente, com especialistas afirmando que as mortes podem complicar as frágeis relações regionais.


Os presidentes Narendra Modi e Xi Jinping vêm tentando demonstrar um relacionamento amigável, mas as tensões vêm aumentando frente à hostilidade americana a Pequim, acompanhada de sua aproximação estratégica da Índia. No mês passado, Trump chegou a se oferecer para atuar como mediador entre Délhi e Pequim, mas a proposta foi rejeitada por ambos os lados.