Principal cientista nuclear do Irã é morto em atentado a tiros

Um cientista nuclear iraniano descrito como o guru do programa nuclear iraniano foi baleado na rua em uma cidade perto de Teerã.

Mohsen Fakhrizadeh foi emboscado na cidade de Absard, a 70 quilômetros a Leste de Teerã. Quatro agressores abriram fogo depois que testemunhas ouviram uma explosão. Os esforços para tentar salvar Fakhrizadeh falharam e seu guarda-costas também foram feridos.

O Ministério da Defesa iraniano confirmou a morte de Fakhrizadeh em um comunicado.

– Durante o confronto entre sua equipe de segurança e os terroristas, Mohsen Fakhrizadeh ficou gravemente ferido e foi levado ao hospital. Infelizmente, a equipe médica não conseguiu reanimá-lo e, há poucos minutos, esse importante cientista, após anos de esforço e luta, atingiu um alto grau de martírio – disse o comunicado.

Fakhrizadeh foi identificado pelo primeiro-ministro de Israel em uma apresentação pública em 2018 como o diretor do projeto de armas nucleares do Irã.

Na época, ele acusou o Irã de esconder e expandir seu conhecimento sobre armas nucleares, dizendo que a inteligência israelense havia obtido informações sobre um depósito de meia tonelada de material nuclear do país.

O ataque foi confirmado pela TV estatal iraniana, mas depois negado pela Organização de Energia Atômica do Irã (AEOI) antes de ser confirmado pelo ministério da Defesa.

Fotos do suposto local do ataque também apareceram nos sites de notícias iranianos. As forças de segurança bloquearam a avenida onde ocorreu o ataque. Um porta-voz dos militares israelenses se manifestou.

– Não comentamos sobre notícias na mídia estrangeira – afirmou.

O gabinete do primeiro-ministro de Israel disse que não comentaria “sobre tais relatos”.

Os relatos confusos da mídia iraniana refletem as altas tensões dentro do país, em meio a relatos de que a inteligência israelense e o serviço secreto receberam luz verde para organizar ataques a instalações nucleares iranianas antes que Donald Trump deixe a Casa Branca.

O ataque acontece uma semana depois de uma visita do secretário de Estados americano, Mike Pompeo, a Israel, e de uma não confirmada e histórica viagem do premiê israelense Binyamin Netanyahu a Arábia Saudita.

Muitas autoridades iranianas acreditam que Trump, em conjunto com Israel e a Arábia Saudita, está determinado a enfraquecer ou antagonizar o Irã antes da transferência do poder nos EUA em 20 de janeiro.

O democrata Joe Biden disse que está disposto a se juntar novamente ao acordo nuclear com o Irã e suspender algumas sanções econômicas, desde que o Irã volte a cumprir o acordo, especialmente sobre seus estoques excedentes de urânio enriquecido.

Israel e a Arábia Saudita querem que os EUA permaneçam fora do acordo e continuem com uma política de sanções econômicas.

*Estadão com agência internacionais