A deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP) concedeu uma longa entrevista à revista Veja, onde falou sobre vários assuntos: sua chegada à política, as dificuldades que enfrentou quando viveu nas ruas e a transfobia que enfrenta diariamente.
“Com uns 14 anos, fui expulsa de casa e conheci a brutalidade das ruas. Não tinha emprego, nem para onde ir. Nesse período, minha mãe dizia que não poderia me aceitar como travesti, que não era coisa de Deus, era contra a natureza humana. A ruptura familiar, a rejeição e a ausência de oportunidades causaram muita dor. Foi o fundo do poço”, revela Hilton.
Em seguida, Erika Hilton conta que atravessou “a adolescência na prostituição. Fiz ponto nas calçadas de Jundiaí, Francisco Morato, Itu e também na capital. A prostituição é algo compulsório para mulheres como eu no Brasil – 90% trilham esse caminho, sem outra opção. E há uma hipocrisia aí: ao mesmo tempo que nos odeiam e matam, consomem o mercado de mulheres trans e travestis. São pais de família, evangélicos, padres, pastores. Felizmente, depois de uns sete anos, resgatei a relação com minha mãe e voltei para casa”.
A Presidência da República
Outro assunto abordado na entrevista foi sobre seu futuro na política e o que projeta para tal. Erika Hilton afirmou que pretende disputar mais um mandato na Câmara e, posteriormente, o Senado e, quem sabe, a Presidência da República.
“É provável que tente a reeleição na Câmara e, depois, pense no Senado. Num futuro, quem sabe a Presidência. Mas olhando hoje para a configuração do Congresso, para a sociedade brasileira, acho que o país está distante de eleger uma mulher trans ao cargo máximo da República. Há muito o que avançar”, disse Erika Hilton.
Fonte: Revista Fórum