Comunidades Invisíveis: Tuiué sangra no esquecimento enquanto a Prefeitura fecha os olhos

A comunidade do Tuiué, na zona rural de Manacapuru, vive hoje um dos cenários mais graves de abandono já denunciados ao Portal OAbutre e escancara a omissão da Prefeitura de Manacapuru, sob a gestão da prefeita Valciléia Flores (MDB), do vice-prefeito Franz Melendez e com responsabilidade direta do secretário de Educação Adanor Porto.

Segundo moradores que enviaram denúncias exclusivas à reportagem; a situação é descrita como desumana, pois na comunidade o atendimento médico acontece apenas de oito em oito dias quando o profissional aparece, e mesmo assim o posto de saúde não possui medicamentos básicos, como dipirona, conforme relato de moradora que afirmou que “se você vai atrás de um remédio simples, sai com a resposta de que não tem nada”, o que expõe idosos, gestantes e crianças a riscos permanentes e transforma doenças simples em ameaça à vida.

Um cenário ainda mais revoltante diante do fato de que a Secretaria Municipal de Saúde (Semsa), detém uma das maiores verbas do orçamento do município, levantando a pergunta central que ecoa no Tuiué? onde está o dinheiro da saúde?

Na infraestrutura, o abandono é igualmente revoltante, com ruas e ramais tomados por mato que chega à canela, lama constante e buracos que impedem a circulação, deixando a comunidade isolada durante o inverno amazônico, enquanto o porto, único acesso fluvial, encontra-se em estado de decomposição, com escada podre, madeira quebrada e risco iminente de acidentes graves que podem resultar em mortes por conta da falta de qualquer ação de manutenção por parte da Prefeitura de Manacapuru.

Durante à noite, a comunidade mergulha na escuridão completa pela falta de iluminação pública, criando cenário perfeito para o avanço da criminalidade, segundo relatos, já que criminosos se aproveitam da falta de luz e da ausência total de patrulhamento, impondo medo e insegurança às famílias.

Na educação, o reflexo do descaso se repete, com dificuldades de acesso à escola devido aos ramais intrafegáveis e à ausência de políticas efetivas de transporte e manutenção das unidades, forçando crianças a faltarem às aulas e comprometendo seu futuro.

A equipe do Portal OAbutre tentou contato com a Prefeitura e secretarias responsáveis, mas até o fechamento desta matéria nenhuma resposta foi apresentada, reforçando a política do silêncio diante do sofrimento popular.

Diante da gravidade dos fatos, o Portal faz apelo público e direto ao MP-AM e ao TCE-AM para que realizem abertura imediata de investigação, fiscalizações presenciais na comunidade, auditoria dos recursos da saúde, educação e obras, análise de contratos e licitações e responsabilização de gestores por possível omissão administrativa e dano ao erário, pois não se trata de disputa política, mas de vidas jogadas à própria sorte.

Enquanto o centro da cidade recebe propaganda e discurso oficial, o Tuiué recebe abandono, escuridão e risco diário, revelando uma cidade partida em dois mundos, onde uns usufruem do espetáculo administrativo e outros enterram a dignidade, e o Portal OAbutre seguirá publicando documentos, relatos e novas denúncias até que o poder público seja forçado a olhar para quem foi esquecido, porque dignidade não é favor, é obrigação constitucional.