Castelo em Ruínas: começa os julgamentos de Dulce Almeida peça-chave no escândalo do Fundb e o escândalo da propina do Lixo

Por: Redação

Manaus- A muralha de proteção política construída em torno de Dulce Almeida, irmã do prefeito de Manaus, David Almeida (Avante), começa a ruir. Uma série de investigações simultâneas conduzidas por TCE-AM, MP-AM, MPF e Polícia Federal expõe uma teia de desvios de recursos públicos, favorecimentos e possíveis práticas criminosas durante sua gestão à frente da Secretaria Municipal de Educação (Semed).

Por anos, Dulce foi tratada como uma figura intocável no alto escalão da Prefeitura de Manaus. Agora, com auditorias comprovando o uso indevido de verbas do Fundeb, pagamentos suspeitos a empresas ligadas a esquemas de corrupção e o avanço de inquéritos federais, a ex-secretária se vê no centro de um cerco jurídico que pode não poupar nem seu irmão, o prefeito.

O estopim: desvio de recursos da educação

O Tribunal de Contas do Estado do Amazonas iniciou o julgamento de uma Representação que acusa Dulce de utilizar recursos do Fundeb para pagar o Fundo de Saúde dos Servidores (Funserv) uma prática ilegal que desvia verbas da educação básica para cobrir outras áreas do orçamento municipal.

Segundo o relatório técnico do TCE-AM, a auditoria encontrou pagamentos irregulares documentados, contrariando frontalmente a legislação federal que veda esse tipo de remanejamento.

“Os pagamentos das contribuições patronais ao Funserv com recursos do Fundeb configuram desvio de finalidade e violam a Lei nº 14.113/2020”, destaca o relatório da Secretaria de Controle Externo.

O esquema Tumpex e a sombra da corrupção

As suspeitas não param por aí. Dulce Almeida também é citada em investigações sigilosas da Polícia Federal no âmbito da Operação Entulho, que apura uma rede de corrupção e propina envolvendo empresas como Tumpex e Soma, contratadas para a coleta de lixo em Manaus.

Documentos internos da investigação revelam que Dulce teria recebido propina de até R$ 100 mil, repassada por empresários interessados em manter contratos com a Prefeitura muitos dos quais assinados ainda no início da gestão David Almeida. Os indícios incluem transferências bancárias, escutas telefônicas e depoimentos de colaboradores.

Blindagem e silêncio

Apesar da gravidade dos fatos, nenhuma medida cautelar foi adotada até o momento. A Câmara Municipal não abriu CPI. O prefeito se cala. E a base aliada finge não ver. Essa blindagem política, que protege Dulce, parece agora estremecer com o avanço das investigações.

A queda de Dulce pode arrastar David

Se confirmados os indícios de organização criminosa, fraude em licitações e uso indevido de verbas públicas, Dulce poderá responder civil, administrativa e criminalmente. Mas há algo ainda maior em jogo: a continuidade do mandato de David Almeida.

Afinal, boa parte das ações que hoje recaem sobre sua irmã envolvem contratos firmados sob a chancela direta da Prefeitura — muitos deles com assinatura do próprio David ou de seu núcleo duro. O “castelo” político da família Almeida pode não resistir a uma ação coordenada do Ministério Público Federal com a Justiça.

A história de Dulce Almeida é um retrato de como o poder, quando operado em família, pode se tornar imune à lei até que os alicerces comecem a ceder. O que antes era blindagem, agora é fragilidade.