Politica- Após graves denúncias feitas por Sérgio Moro, que ainda era Ministro em seu governo, Bolsonaro negou ter interferido na Polícia Federal e disse que tudo não passou de uma confusão feita pelo ex-juiz que o acusou de tentar blindar seus familiares e aliados nas investigações.

O presidente disse que não interferiu na PF e que trocou o então diretor-geral, Maurício Valeixo, no ano passado, por “falta de interlocução”. O depoimento foi dado a Polícia Federal no inquérito que apura uma suposta tentativa de interferir politicamente na corporação.

Vale ressaltar que a denúncia veio logo após Bolsonaro tentar demitir  Valeixo, que era o homem de confiança de Sérgio Moro que não gostou e ainda tentou segura-lo no cargo e logo após, também pediu demissão.

No dia em que anunciou a saída do governo, Moro relatou, em entrevista coletiva, que Bolsonaro tentava interferir politicamente na PF. Essa declaração levou à abertura do inquérito, o que levou o presidente a ser ouvido na noite desta quarta-feira (3).

Nota da defesa de Moro

Em nota divulgada na tarde desta quinta, a defesa do ex-ministro disse que foi surpreendida pelo fato de Bolsonaro ter sido ouvido no inquérito sem a presença dos advogados de Moro.

A defesa disse ainda que, quando Moro prestou depoimento, no ano passado, adovgados de Bolsonaro estavam presentes e puderam fazer perguntas.

“A defesa do ex-ministro Sérgio Moro foi surpreendida pela notícia de que o presidente da República, investigado no Inquérito 4831, prestou depoimento à autoridade policial sem que a defesa do ex-ministro fosse intimada e comunicada previamente, impedindo seu comparecimento a fim de formular questionamentos pertinentes, nos moldes do que ocorreu por ocasião do depoimento prestado pelo ex-ministro em maio do ano passado”, afirmaram os advogados.

‘Trocar alguém da segurança’

O inquérito foi aberto pelo STF em abril do ano passado, a pedido da Procuradoria Geral da República (PGR) e tem como base acusações feitas pelo ex-ministro da Justiça Sergio Moro. Segundo Moro, Bolsonaro tentou interferir em investigações da PF ao cobrar a troca do chefe da Polícia Federal no Rio de Janeiro e ao exonerar o então diretor-geral da corporação Maurício Valeixo, indicado por Moro. Bolsonaro nega ter tentado interferir na corporação.

Moro tem afirmado que estão entre as provas de que Bolsonaro tentou interferir na PF mensagens trocadas pelos dois em um aplicativo e a reunião ministerial de 22 de abril de 2020.

Na reunião, Bolsonaro disse: “Já tentei trocar gente da segurança nossa no Rio de Janeiro e oficialmente não consegui. Isso acabou. Eu não vou esperar f… minha família toda de sacanagem, ou amigo meu, porque eu não posso trocar alguém da segurança na ponta da linha que pertence à estrutura. Vai trocar. Se não puder trocar, troca o chefe dele. Se não puder trocar o chefe, troca o ministro. E ponto final. Não estamos aqui para brincadeira.”

À PF, Bolsonaro justificou essa frase. Ele disse que estava se referindo à segurança pessoal.