As faces de Eduardo Braga: o compromisso com empresários e a negação ao povo

Ao longo de décadas, o ex-governador e hoje senador Eduardo Braga (MDB-AM), tentou construir uma imagem de “defensor do Amazonas”, mas como a grande maioria da população já sabe, a sua trajetória política sempre esteve muito mais próximo dos interesses empresariais e industriais do que das necessidades reais da população.

Braga é conhecido nos bastidores como um político arrogante, de tratamento frio e indiferente com a população que sempre lhe procura para buscar demandas de interesse público.

A cada discurso sobre o “povo amazonense”, há um evento, homenagem ou articulação política em favor de empresários e corporações da Zona Franca de Manaus.

Um político de muitos compromissos – mas nem todos com o povo

Braga, que já foi governador, prefeito e ministro, mantém uma retórica de “compromisso social” e “defesa da geração de empregos”. No entanto, os fatos mostram que suas ações têm priorizado grandes grupos econômicos, especialmente os que operam no polo industrial de Manaus.

Em 2025, por exemplo, o senador foi homenageado pela Federação do Comércio (Fecomércio-AM) e pela indústria cervejeira local por sua atuação na reforma tributária — uma reforma desenhada para beneficiar a elite empresarial do estado sob o argumento de “preservar a competitividade da Zona Franca”. Enquanto isso, as periferias de Manaus e o interior do Amazonas continuam mergulhados em problemas básicos como saneamento, saúde precária e falta de infraestrutura.

O elo com o empresariado

Não é de hoje que Braga é reconhecido por suas relações com o setor produtivo. Como ministro de Minas e Energia, ele mantinha contato direto com grupos empresariais de energia, apresentando projetos bilionários a investidores e empresários do setor. Já no Senado, segue como interlocutor preferencial de industriais e empresários, que veem nele o “garantidor” dos incentivos fiscais e do modelo concentrador da Zona Franca.

Essas relações renderam ao senador uma série de homenagens e medalhas, mas também críticas de movimentos sociais e lideranças populares que enxergam nele um político cada vez mais distante da população que diz representar.

As denúncias e as contradições

Em 2024, a Polícia Federal concluiu uma investigação que apontou Braga e outros senadores por suposta atuação em favor de uma empresa em troca de propina. A defesa nega, mas o caso reacende o debate sobre o tipo de compromisso que o senador realmente sustenta: o da moral pública ou o das alianças de poder que há anos garantem sua permanência na elite política amazonense.

Há ainda denúncias antigas envolvendo familiares e aliados próximos em contratos públicos e favorecimentos — indícios de um sistema político baseado na troca de benefícios, longe do discurso de ética e responsabilidade com o povo.

O discurso social que não chega à base

Nos últimos anos, Braga tem anunciado emendas e investimentos em habitação e infraestrutura. Mas o impacto real dessas ações é mínimo diante do abismo social no estado. Enquanto o senador aparece em fotos inaugurando obras e repetindo promessas de “transformação social”, comunidades inteiras seguem sem água tratada, sem energia estável e sem saneamento básico.

O contraste entre o discurso e a realidade é gritante: os mesmos empresários que financiam campanhas e eventos políticos são os principais beneficiados por isenções e contratos, enquanto a população continua pagando a conta da desigualdade.

O homem que fala pelo povo, mas escuta os empresário e busca poder

Eduardo Braga domina o discurso populista: fala de amor ao Amazonas, de fé e de desenvolvimento. Mas na prática, suas ações indicam que ele ouve muito mais os empresários e industriais do que o cidadão comum. É a face de um político que sabe se moldar ao ambiente de poder — ora defensor da Zona Franca, ora ministro de grandes empreiteiras, ora senador de discursos inflamados sobre o social.

As duas faces de Eduardo Braga convivem no mesmo corpo político: a do articulador que preserva privilégios empresariais e a do orador que se apresenta como “a voz do povo”. Mas a cada nova homenagem de empresários e cada nova denúncia de omissão social, fica mais evidente qual lado tem prevalecido.

Conclusão

O “compromisso com o povo” se tornou um slogan conveniente para Braga, mas as suas ações e alianças mostram o contrário. O senador parece ter escolhido de que lado está — e não é o lado de quem enfrenta a fila do hospital, a lama das ruas sem saneamento ou a miséria que cresce no interior.

Entre as palavras e os atos, Eduardo Braga mostra suas verdadeiras faces: a do político do capital, do poder e dos grandes acordos — distante, cada vez mais distante, do povo que diz representar.