A bancada do Amazonas no Senado se manifestou ao longo desta semana contra decretos do presidente Jair Bolsonaro que, na avaliação dos senadores, prejudicaram a Zona Franca de Manaus (ZFM). Um dos decretos reduziu o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) em até 35% e outro acabou com o incentivo a empresas que produzem concentrados para a fabricação de bebidas na ZFM. As reduções são alvo de questionamentos no Supremo Tribunal Federal (STF), que já suspendeu, em caráter liminar, partes dos decretos.

“Uma atividade econômica como o polo industrial, que gera 100 mil empregos diretos, 400 mil, quase 500 mil indiretos, não dá pra ter outra atividade econômica do dia pra noite pra substituir isso. Existem desigualdades muito grandes no Brasil. Você tem regiões aqui diferenciadas e você tem que entender o Brasil como um todo”, disse Omar Aziz (PSD-AM).

No Congresso, parlamentares buscam sustar uma dessas normas por meio de um projeto de decreto legislativo apresentado à Câmara dos Deputados (PDL 46/2022). Na esfera judicial, o partido Solidariedade e o governo do Amazonas ingressaram com ações diretas de inconstitucionalidade no Supremo.

Foi justamente em atendimento à Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI 7153), ajuizada pelo Solidariedade, que o ministro do STF Alexandre de Moraes suspendeu na última sexta-feira (6) os efeitos dos decretos presidenciais no que se refere à redução de alíquotas do IPI sobre produtos que também sejam fabricados nas indústrias da Zona Franca de Manaus (ZFM).

Na decisão, que ainda precisa ser confirmada pelo Plenário da Corte, o ministro afirmou que a redução da carga tributária sem medidas compensatórias à produção na ZFM reduz drasticamente a vantagem competitiva do polo industrial, ferindo a Constituição e ameaçando a sua persistência.

Antes da decisão na justiça, os parlamentares haviam tentado reverter a situação em reuniões com o governo, mas, de acordo com eles, os acordos firmados não foram cumpridos.

“Paulo Guedes mentiu para nós. É literalmente mentiroso. Ele afirmou para mim e para parlamentares do meu Estado que iria fazer exceções à Zona Franca e ele não fez isso. Eu acho que dá para ter conversa com quem fala a verdade. Com quem mente é impossível manter relações”, protestou Omar Aziz.