A conselheira Yara Lins, recém eleita presidente do Tribunal de Contas do Estado do Amazonas (TCE-AM), foi à Delegacia-Geral da Polícia Civil na manhã desta sexta-feira (6), onde denunciou o conselheiro Ari Moutinho da Costa Júnior por agressão verbal e psicológica que sofreu dentro da própria Corte de Contas nesta última terça-feira (3), minutos antes da eleição da conselheira.
“Neste momento não está aqui uma conselheira, está uma mulher. Uma mulher que foi covardemente agredida no Tribunal de Contas, dentro do plenário, antes da eleição, para me desestabilizar. Quando estava no plenário, fui cumprimentar o conselheiro Ari e disse: Bom dia. Ele disse: Bom dia nada: safada, puta, vadia! E me ameaçou dizendo: eu vou te foder”, iniciou Yara.
Yara Lins acredita diz que acredita na justiça e que vai fazer de tudo para que o conselheiro seja condenado pelas ameaças, violência e a agressão contra as mulheres.
“Eu acredito na Justiça de Deus. Acredito na imprensa do meu estado e acredito nas autoridades do meu estado e do Brasil. Eu peço Justiça, porque eu sou a única mulher, a única conselheira lá do tribunal e represento as servidoras da minha instituição. Relutei muito em vir aqui fazer essa denúncia, mas eu não poderia me acovardar, por ameaças, e eu não aceito ameaças. Eu quero que a Justiça puna o agressor para que acabem com a violência contra as mulheres. Fui agredida dentro da minha função, dentro do plenário do TCE”, disse.
Ari Moutinho estava na expectativa de assumir como Presidente do TCE-AM, o que fez com que ele usasse palavras de baixo calão antes da votação, para desestabilizá-la, além de fazer o uso de deboche para tentar ridicularizar a conselheira.
De acordo com a denúncia da conselheira Yara Lins, ao se aproximar de Ari Moutinho para cumprimentá-lo, e desejar um bom dia, ele já foi desferindo ofensas contra ela. “Bom dia nada! Safada, puta, vadia. Eu vou te foder!”, disse.
Moutinho queria assumir o comando do Tribunal de Contas do Estado do Amazonas no biênio 2025/2026, mas acabou perdendo, o que fez com que ele ficasse ainda mais irritado.
O conselheiro chegou a dizer para Yara Lins, que tem influência em Brasília, que vai usar autoridades do Judiciário para prejudicar a presidente eleita, além de ameaçar algumas pessoas que testemunharam o fato que ocorreu com conselheira.
Após a vitória, a conselheira Yara Lins, em seu discurso disse; que ” Venho aqui dizer que não tenho medo de ninguém, que sou mulher sim, mas não me curvo a ameaças de homem algum.”
Ari Moutinho e seu passado obscuro
O conselheiro do Tribunal de Contas do Amazonas (TCE-AM), já tem um longo histórico de brigas com desafetos e diversas investigações por suspeitas de participação em alguns crimes.
Em 2002 uma operação da Polícia Federal denominada “Albatroz”, foi desencadeada no Amazonas e teve como alvo, diversos políticos e autoridades estaduais e do município de Manaus, entre os envolvidos estava o então ex-vereador da capital Ari Moutinho da Costa Júnior.
Os envolvidos eram suspeitos de fraudes em licitações no Estado de 2002 a 2004, que gerou um prejuízo ao Amazonas de algo entorno de R$ 500 milhões. Em 2004, Moutinho foi indiciado por formação de quadrilha e fraudes em licitação, juntamente com um grupo político que tinha o ex-deputado Antônio Cordeiro.
O vereador Ari Moutinho se envolveu no escândalo do caso Prodent, onde foi filmado junto com o ex-deputado Nelson Azêdo, negociando votos para ele se eleger como deputado federal, em troca de tratamento dentário. O Ministério Público Federal abriu um inquérito para investigar as ações dos parlamentares na época.
Já em 2006, o então candidato a deputado federal Ari Moutinho foi preso juntamente com o ex-prefeito de Coari Adail Pinheiro carregando R$ 250 mil em notas de pequeno valor. O parecer do Ministério Público Federal (MPF) à época concluiu que o dinheiro seria para compra de votos no interior do Estado.
Ari Moutinho Júnior já foi processado pelo então dono da Manaus Gás, Carlos Suarez, e o diretor técnico-comercial da Companhia de Gás do Amazonas (Cigás), Clovis Correia Junior, por xingamentos proferidos por Moutinho durante audiência pública sobre a prestação de serviço do gás natural no Amazonas, em junho de 2020 no TCE-AM.
O Ministério Público do Amazonas (MP-AM), instaurou um inquérito civil para investigar a Superintendência de Habitação do Estado do Amazonas (Suhab) e o conselheiro do Tribunal de Contas do Amazonas (TCE-AM), Ari Jorge Moutinho da Costa Júnior, possíveis irregularidades em contratação de imóvel entre a Suhab e o Shopping Via Norte.
A decisão é baseada em denúncia feita em 2017.
À época, o ex-secretário de Infraestrutura na gestão de José Melo, Gilberto de Deus, foi quem encaminhou a denúncia ao MP, em que Gilberto mostrava uma possível exigência de vantagem ao conselheiro Ari Moutinho Júnior na contratação do imóvel.