Presidente da Samel afirma que proxalutamida foi ‘demonizada’ quando Bolsonaro defendeu o uso do medicamento

O presidente do Grupo Samel, Luís Alberto Nicolau, afirmou que a proxalutamida – remédio estudado no combate à Covid-19 – foi politizada, e que tanto a droga quanto a Samel foram vítimas de ataques caluniosos por parte do grupo O Globo. As declarações foram dadas durante entrevista ao programa ‘Os pingos nos is’, da Jovem Pan, na última segunda-feira (18).

Nicolau afirma que o remédio foi “demonizado” a partir do momento em que o presidente Jair Bolsonaro se manifestou a favor do uso do medicamento. Ele esclareceu ainda que o Grupo Samel não é responsável pela pesquisa e não foi financiadora da mesma, tendo sido apenas campo de estudo, e que a proposta de contribuir com a pesquisa dessa forma só foi aceita após avaliação do corpo técnico da instituição.

“Até o presidente Bolsonaro falar que achava que também o remédio era bom, a partir deste momento o remédio ficou demonizado, principalmente pela Rede Globo. A Rede Globo passou a ter ataques sucessivos contra o remédio e contra a nossa instituição, levantando muitas calúnias, isso inclusive foi ponto de briga judicial entre a Samel e a Rede Globo, nós ganhamos em 1ª e 2ª instância. Eles recorrem para o Supremo Tribunal e não ganharam”, disse o presidente do grupo.

Luís Alberto frisou ainda que a pesquisa sobre o uso da proxalutamida em pacientes infectados pelo vírus da Covid-19 é do médico pesquisador Flávio Cadegiani e foi aprovada pela Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep). Ele defendeu ainda os resultados da pesquisa que, segundo ele, mostraram que o número de mortes e internações de pacientes que usaram a droga caiu na capital amazonense.

O outro lado da história

Embora a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) tenha liberado, em julho, o estudo da proxalutamida em pacientes infectados com o coronavírus, o estudo devia seguir alguns critérios estabelecidos. Em setembro, a agência voltou atrás e resolveu suspender a importação e o uso do remédio em pesquisas científicas com seres humanos no Brasil.

A decisão foi motivada a partir de um pedido da Procuradoria da República no Rio Grande do Sul e diante de denúncias veiculadas em meios de comunicação que informaram que unidades hospitalares e clínicas estariam usando o produto à base de proxalutamida à revelia dos estudos científicos aprovados pelo sistema Comitê de Ética em Pesquisa/Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (CEP/Conep), ou seja, estavam descumprindo os critérios estabelecidos anteriormente.

Entre esses critérios estava o uso do remédio apenas em pacientes com Covid-19 em estado leve e moderado. A denúncia de autoria da própria Conep afirma que houve uma mudança no protocolo da pesquisa que incluem alterações dos locais da pesquisa, número de participantes, além de a droga ter sido administrada em pacientes graves, o que teria causado a morte de 200 pessoas que participaram do estudo com a proxalutamida, segundo a denúncia.