Subiu para 89 o número de mortos em uma seita no Quênia que estimulava os seguidores a jejuar para “conhecer Jesus”, afirmou a polícia do país nesta terça-feira (25).

As autoridades locais acreditam que devem encontrar mais corpos na floresta onde se reuniam os membros da seita. Na semana passada, as autoridades encontraram os restos mortais de quatro membros da Igreja Internacional das Boas Novas (Good News International Church), liderada por Makenzie Nthenge, que teria encorajado os seguidores a jejuar.

11 pessoas foram resgatadas e hospitalizadas. Mas as descobertas macabras prosseguiram e desde sexta-feira foram exumados 47 corpos na floresta de Shakahola, perto da cidade costeira de Malini. Vários integrantes da igreja continuam escondidos no local, mesmo após a prisão do líder da igreja. De acordo com a Cruz Vermelha, 112 pessoas estão desaparecidas.

Uma mulher foi encontrada no domingo pelas autoridades com os olhos fora da órbita e se recusou a aceitar alimentação, antes de ser transportada em uma ambulância. A mulher “rejeitou absolutamente os primeiros socorros e fechou a boca com força, recusando-se a comer. Ela queria continuar o jejum até a morte”, disse à AFP Hussein Khalid, membro da Haki Africa, organização que alertou a polícia sobre as ações da igreja. “Pedimos ao governo nacional que envie tropas ao local para que possamos entrar (na floresta) e socorrer as vítimas que continuam jejuando até a morte”, acrescentou.

A floresta, de mais de 300 hectares, está isolada e foi declarada “cena de crime”, disse o ministro do Interior. “É um grande golpe e um grande choque para o nosso país”, afirmou à AFP Sebastian Muteti, secretário de Proteção da Infância no condado de Kilifi. Para ele, estes são “massacres em massa”.

O presidente do Quênia, William Ruto, prometeu adotar medidas contundentes contra movimentos religiosos nebulosos. “O que vimos em Sakhola é algo característico de terroristas”, declarou durante uma cerimônia de entrega de diplomas aos funcionários do sistema prisional. “Os terroristas utilizam a religião para promover seus atos hediondos. Pessoas como Mackenzie utilizam a religião para fazer exatamente o mesmo”, acrescentou.

Ruto afirmou que pediu aos “organismos responsáveis que examinem o tema e cheguem ao fundo das atividades das religiões e das pessoas que querem usar a religião para promover uma ideologia nebulosa e inaceitável”.

As descobertas macabras provocam perguntas sobre as ações das autoridades, que tinham conhecimento das atividades do pastor desde 2017.