Entre os alvos da operação “Emergência 192” da Polícia Federal, que teve o atual prefeito Anderson Sousa preso por porte ilegal de arma de fogo nesta quinta-feira (28), o ex-prefeito Fullvio da Silva Pinto aparece como sendo o dono de duas das três empresas envolvidas em esquemas investigadas por supostos crimes de desvios de dinheiro público e fraude à licitação em contratos firmado pela Prefeitura do Município de Rio Preto da Eva em 2020.

Não seria a primeira vez que Fullvio da Silva Pinto e Anderson se envolvem com a Polícia e parece que não deve ser a última. O ex-prefeito e aliado do atual prefeito Anderson Sousa, assumiu o comando da prefeitura do Rio Preto da Eva após Anderson Sousa e seu vice serem cassados pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE-AM), em 2007.

Fullvio é ex-secretário municipal de Finanças na administração do ex-prefeito Adail Paz, de 1998 a 2004 e assumiu a prefeitura em uma mandato tampão de apenas seis meses, quando foi eleito com ajuda de Anderson Sousa que havia sido cassado junto com seu vice.

Em 2008, Fullvio perdeu a eleição para Luiz Ricardo de Moura Chagas, o “Dr. Ricardo”, e o vice dele, Ernani Santiago que assumiram o comando do município e acusaram Fullvio de deixar um rombo de R$ 10 milhões nas contas da prefeitura.

Por esse motivo, a Polícia Civil descobriu um plano para assassinar o prefeito Luiz Ricardo Chagas; o vice dele, Ernani Santiago; o procurador do município, Erick Franco de Sá e o empresário Antônio Carlos, que tinham como seus mentores intelectuais os ex-prefeitos Anderson Sousa e Fullvio Pinto.

Na época Anderson foi preso em uma mega operação da Polícia Civil juntamente com do bacharel em Direito Bolívar de Almeida Maués, o filho dele, Bruno Leandro Campos Maués, Marcos Antônio Lima, Maikon da Silva e Raimundo Raniere da Silva e um adolescente foi apreendido envolvidos no crime.

Segundo o procurador Franco de Sá, os ex-prefeitos Fullvio e Anderson tinham a intenção de voltar comandar a prefeitura e por esse motivo, mandou matar o gestor do município e outros. “Eu falo isso com toda certeza e digo mais que eu não vou sossegar enquanto não colocá-los na cadeia. Vou lutar por isso”, declarou o procurador.

Segundo Virgílio César, Bolivar e Bruno teriam oferecido ao trio R$5 mil para matar o prefeito e vice-prefeito, além de R$ 15 mil no pagamento da morte do procurador de justiça. Ao todo, as quatro mortes custariam R$ 65 mil que seriam pagos por Anderson e Fullvio.

Anos se passaram, o inquérito corre em segredo de justiça e Anderson Sousa retorna ao comando da prefeitura de Rio Preto da Eva, agora tendo o empresário Fullvio Pinto como seu principal fornecedor.

Uma das empresas de Fullvio a Alto Rio Empreendimentos e Construções Civil Eireli, recebeu da prefeitura o valor global de R$ 1.680.000,00 (um milhão, seiscentos e oitenta mil reais), para alugar vinte picapes 4×4.

Depois a mesma empresa, recebeu o valor global de R$ 179.400,00 (cento e setenta e nove mil e quatrocentos reais) para o transporte escolar no município de Rio Preto da Eva.

Anderson foi condenado pelo Tribunal de Contas do Amazonas (TCE-AM), por irregularidades no convênio firmado entre a Prefeitura e a Seduc, em 2005 ainda em sua primeira gestão à frente de Rio Preto da Eva.

Anderson foi multado em R$ 13,1 mil pela ausência do edital de licitação, do projeto básico, do memorial descritivo e/ou caderno de encargos, além de especificações técnicas, planilhas orçamentárias e dos termos de recebimento provisório e definitivo.

Já Fullvio condenado pelo TCE-AM por irregularidades nas prestações de contas na contratação do Instituto Unidos pela Amazônia (IUPAM), no período em que esteve na prefeitura de Rio Preto da Eva, recebendo uma multa de R$ 8,8 mil pelos atos praticados com grave infração à norma legal ou regulamentar de natureza contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial em decorrência das irregularidades apontadas no convênio.

Os ex-prefeitos também são réus no inquérito dó Ministério Público Federal (MPF), por crimes contra a ordem tributária e sonegação de contribuição previdenciária. Fullvio e Anderson teriam suprimido informações sobre o recolhimento de contribuições previdenciária e, no caso dos gestores, haveria desvio de recursos pertencentes aos aposentados do município.

Anderson é acusado de pagar o aluguel de um imóvel no valor de R$ 48 mil reais, que pertence a mãe da primeira-dama Soraya Almeida de Sousa.

O prefeito Anderson que é presidente da Associação Amazonense de Municípios (AAM), recorreu ao advogado da entidade, contra um portal local que divulgou que a primeira-dama teria investido R$ 300 mil como sócia, juntamente com outras esposas de prefeitos do Amazonas, em um café no bairro Ponta Negra, zona Oeste de Manaus, o qual supostamente estaria gerando lucros significativos.

Vale destacar que a ação movida pela Associação dos Municípios, intitulada “indenização por danos morais e pedido de tutela antecipada de urgência”, menciona apenas a esposa do prefeito, sem fazer referência direta a ele, e ainda solicita a isenção das despesas judiciais, o que é aplicável apenas a pessoas sem recursos financeiros para custear os processos.

Em resposta a essa situação, o juiz plantonista Antônio Carlos Marinho negou o pedido do prefeito.

A esposa de Anderson, Soraya Sousa possui diversos bares e cafés de luxo em Manaus e Rio Preto da Eva, que dão um bom lucro para o casal.

Mas de acordo com informações repassadas ao Portal Abutre, Anderson deve voltar para a prisão, devido ao não pagamento de pensão alimentícia aos filhos.

Vamos esperar mais um capítulo dessa longa epopeia do político que comanda um município da Região Metropolitana de Manaus.