
O Ministério Público do Amazonas (MP-AM) concentra hoje a maior parte das investigações que pressionam o prefeito Augusto Ferraz, de Iranduba. Em linha reta, os procedimentos revelam um conjunto de indícios que vão de irregularidades administrativas a possíveis práticas de desvio de recursos públicos, contratos suspeitos e negligência em áreas essenciais do município.
As apurações começaram a se intensificar quando o MP-AM recebeu denúncias sobre a precariedade do transporte escolar, tanto terrestre quanto fluvial, após relatos de crianças sendo transportadas em barcos sem segurança e veículos em péssimo estado. O órgão instaurou inquérito civil para apurar responsabilidade direta do prefeito e de sua equipe. A investigação aponta que a gestão ignorou avisos prévios e não adotou medidas preventivas, colocando estudantes em risco.
Outro foco de investigação do Ministério Público envolve a merenda escolar, alvo de denúncias de baixa qualidade, falta de itens básicos e supostos contratos com fornecedores sem capacidade técnica. O MP-AM pediu explicações formais à Secretaria de Educação e verificou incongruências em notas fiscais e entregas que não correspondem ao que foi pago.
No campo financeiro, o MP-AM também acompanha as denúncias de contratos milionários firmados pela prefeitura, incluindo gastos considerados exagerados ou suspeitos de superfaturamento. Entre eles, contratos na área da saúde, na educação e em obras de infraestrutura que levantaram alerta em análises preliminares. O Ministério Público monitora especialmente o contrato de controle de pragas nas escolas, que custou mais de R$ 1,6 milhão, e o gasto de R$ 11,8 milhões em iluminação pública valores que, segundo o órgão, destoam das necessidades apresentadas pelo município.
A participação do MP-AM também se intensificou diante dos indícios apresentados ao Tribunal de Contas sobre a suposta relação de empresas contratadas pela prefeitura com pessoas próximas do prefeito. Embora o TCE-AM seja o órgão responsável por auditorias financeiras, o Ministério Público do Amazonas acompanha paralelamente para identificar eventual dano ao erário ou prática de enriquecimento ilícito.
Além disso, o MP-AM acompanha denúncias sobre a ausência de um plano de contingência efetivo para enchentes e desastres naturais. A falta de estrutura e de medidas preventivas atingiu diretamente comunidades rurais durante as cheias, e o Ministério Público investiga possível negligência da administração municipal no cumprimento das obrigações legais de proteção civil.
As investigações do MP-AM se somam a representações feitas por cidadãos, servidores e entidades civis, que entregaram documentos, vídeos, fotos e notas fiscais supostamente irregulares. Em alguns casos, o Ministério Público solicitou apoio técnico do Ministério Público de Contas (MPC) e do próprio Tribunal de Contas para análises específicas, ampliando o cerco institucional sobre o gestor.
A soma das frentes investigativas coloca Augusto Ferraz em um dos momentos mais sensíveis de sua gestão. O MP-AM, que atua de forma independente e fiscalizadora, analisa se os indícios encontrados configuram improbidade administrativa, dano ao erário, violação de princípios da administração pública e até eventual responsabilização criminal, dependendo do desenrolar das apurações.
Com vários procedimentos em andamento, o Ministério Público do Amazonas mantém a lupa sobre a gestão de Iranduba e intensifica as cobranças por transparência, legalidade e justificativa dos gastos públicos. Enquanto isso, cresce a pressão social e institucional para que todas as irregularidades apontadas sejam esclarecidas e responsabilizadas dentro da lei.


