Moro acusa Lula de favorecimento a familiares em sindicatos envolvidos com o INSS

 

Por: Redação

O senador Sergio Moro (União Brasil-PR) voltou a criticar o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), desta vez apontando suposto favorecimento a familiares do chefe do Executivo em sindicatos estratégicos. A declaração ocorre em meio às investigações da Polícia Federal e do Tribunal de Contas da União (TCU) sobre um esquema bilionário de fraudes no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).

No centro da polêmica está o Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos da Força Sindical (Sindnapi), presidido por José Ferreira da Silva, conhecido como Frei Chico, irmão mais velho de Lula. Segundo Moro, “o aparelhamento sindical, conduzido por décadas, resultou em esquemas de desvio de recursos que hoje prejudicam diretamente os aposentados do Brasil”.

Operação “Sem Desconto”

No mês passado, a Polícia Federal deflagrou a Operação Sem Desconto, que investiga o desconto indevido de mensalidades sindicais em aposentadorias e pensões sem autorização dos beneficiários. A prática teria causado prejuízos milionários a milhares de brasileiros.

A ação mirou diversas associações e sindicatos, mas o Sindnapi, presidido por Frei Chico, não foi incluído entre os 12 principais alvos, mesmo tendo sido citado em relatórios do TCU. De acordo com a auditoria, o sindicato aumentou em R$ 100 milhões seu faturamento entre 2021 e 2023, período em que o irmão de Lula passou a exercer cargo de comando na entidade.

Reações e Contrapontos

Para Moro, a ausência do sindicato na lista oficial de investigados levanta suspeitas de proteção institucional:
“É preciso investigar com isenção. A lei deve valer para todos, independentemente de vínculos familiares ou políticos”, afirmou o ex-juiz da Lava Jato em publicação nas redes sociais.

Já o INSS afirmou, em nota oficial, que os sindicatos excluídos da lista inicial não preenchiam os critérios adotados pela investigação — entre eles, a caracterização como “sindicatos fantasmas” ou a comprovação de pagamento de propina a servidores públicos.

Pressão da Oposição

O deputado federal Luciano Zucco (PL-RS), líder da oposição na Câmara, apresentou uma representação na Procuradoria-Geral da República (PGR) solicitando a investigação formal de Frei Chico e do ministro da Previdência Social, Carlos Lupi, por possível envolvimento ou omissão no esquema.

Zucco argumenta que houve omissão proposital na fiscalização dos sindicatos mais próximos do governo e que isso pode configurar crime de responsabilidade e improbidade administrativa.

Silêncio e Expectativa

Nem o Palácio do Planalto nem Frei Chico se manifestaram publicamente até o momento sobre as declarações de Moro ou a representação da oposição. Interlocutores do governo alegam que o tema está sendo tratado com cautela jurídica e que a Controladoria-Geral da União (CGU) acompanha os desdobramentos da operação da PF.

Enquanto isso, a Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara já discute a convocação de representantes do INSS e do Sindnapi para prestarem esclarecimentos.

O caso adiciona combustível ao embate político entre governo e oposição, e levanta questionamentos sobre a transparência na gestão dos recursos da Previdência e a relação entre sindicatos e entes públicos. Com as investigações em curso, o Brasil observa atentamente os desdobramentos de um escândalo que pode atingir o núcleo familiar do presidente da República.