“Reconhecimento e Gratidão”, essas foram as palavras do pré-candidato ao Senado pelo Amazonas em 2022, coronel Alfredo Menezes, ao reagir a fala do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) direcionada a Zona Franca de Manaus (ZFM), nesta quinta-feira (20), declaração esta que foi considerada pela população e políticos do Amazonas uma ameaça a economia local.
Na live desta quinta-feira, o presidente questionou os senadores e membros da CPI da Covid, Omar Aziz (PSD) e Eduardo Braga (MDB) sobre como seria o estado sem a ZFM. “Hein, senador Aziz, você que fala tanto aí na CPI, senador Eduardo Braga imaginem aí o estado ou Manaus sem a Zona Franca de Manaus?”, questionou Bolsonaro em tom de ameaça.
A fala do presidente ganhou grande repercussão e foi considerada uma ameaça aos trabalhadores e toda a população que considera o modelo econômico a espinha dorsal da economia no estado. Por outro lado, cego e sedento por poder, coronel Menezes ao invés de defender o seu povo, postou orgulhoso a declaração feita pelo presidente em seu perfil no Instagram.
Apesar de revoltante, a reação do coronel não poderia ser outra, já que a fala do presidente é, claramente, uma declaração de apoio ao coronel que tem sofrido pressão e mais uma vez apela ao seu “padrinho politico” Bolsonaro por apoio político. Isso porque Menezes tem visto o seu principal “inimigo político”, senador Omar Aziz, ganhar cada vez mais visibilidade como presidente da CPI da Covid. Pressionado pelo amigo de longa data, Jair Bolsonaro tentou mais uma vez “vender gato por lebre”.
“Aproveitando o momento aqui e mandar um abraço aí ao coronel Menezes, fui padrinho do casamento dele, concorreu lá à prefeitura de Manaus, teve 11% [de votos]. É uma grande liderança política: séria, decente, honesta que se apresenta. Então, o estado do Amazonas pode ter certeza que tem boa gente aí no estado que se preocupa com política e não pretende ver o barco passar, ver o que acontece no seu estado e ficar calado”, disse Bolsonaro em tom de provocação aos senadores Omar e Eduardo, e apoio à Menezes.
Desesperado por mídia, coronel Menezes aplaude a declaração e as “migalhas” de visibilidade dada pelo presidente durante a live semanal, pouco interessado se a declaração é uma ameaça ao povo que ele diz querer representar no senado. Por outro lado, desde que foi eleito presidente da CPI da Covid, o seu maior concorrente à cadeira no senado, Omar Aziz é notícia todos os dias nos telejornais por conta dos trabalhos no comando da CPI, o que tem causado revolta e desespero em Menezes. E assim, fica fácil entender a reação do coronel que mais uma vez prova que sua intenção na política está longe de ser os interesses do povo amazonense, mas sim a sede pelo poder.
Reação
O senador Omar Aziz reagiu à declaração do presidente, na manhã desta sexta-feira (21), e disse que a ZFM tem um papel importante na economia, não apenas do estado do Amazonas, mas do Brasil. “O presidente pode ameaçar a mim, ao Eduardo, mas ao ameaçar a Zona Franca de Manaus o negócio é mais embaixo. É preciso respeitar os amazonenses, porque ele não pode ameaçar algo que é garantido por lei, que assegura o sustento e a vida de tantos amazonenses”, escreveu Aziz em uma rede social.
O deputado federal Marcelo Ramos (PL) também reagiu a declaração e disse que o presidente precisa parar de destilar ódio e ir comprar vacinas. “Ao ameaçar a Zona Franca de Manaus, o presidente Bolsonaro ameaça os empregos dos amazonenses e a receita do estado para investimentos na saúde e educação da população do nosso estado. O momento não é de destilar ódio e sim comprar vacina, salvar vidas e a economia”, disse o deputado.
Já o senador Eduardo Braga se mostrou firme e centrado em sua atuação nos trabalhos da CPI da Covid, que foi o motivo da revolta tanto de Menezes quanto do presidente Bolsonaro. Ele afirmou que vai ser duro com quem merecer e vai continuar atuando para identificar os responsáveis pelo colapso no sistema de saúde do Amazonas, pela crise de oxigênio que matou dezenas de pessoas no estado em janeiro deste ano, e também pela garantia de vacinas para os brasileiros.
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