A empresária e candidata à vice-prefeita Maria do Carmo Seffair (Novo), está envolvida em um grande esquema de caixa dois, compra de votos, abuso de poder econômico e uso de suas empresas para o cometimento de crimes eleitorais.
Gravações de reuniões com apoiadores foram alvos de denúncias a Polícia Federal e ao Ministério Público Eleitoral (MPE), onde são apresentadas juntamente com documentações que comprovam o esquema de caixa dois e compra de votos para a chapa Alberto Neto (PL) e Maria do Carmo (Novo), para à Prefeitura de Manaus.
Segundo informações do autor da denúncia, o professor Ronaldo Fernandes da Silva, ele se encontrou com a candidata dentro de uma unidade da Faculdade Fametro, empresa de propriedade de Maria do Carmo, onde fecharam um acordo para que ele comandasse a campanha da empresária.
Maria do Carmo afirma que em dois anos, seria prefeita e uma apoiadora já pede uma parte na prefeitura, caso a empresária seja eleita. “A gente quer alguma coisa na prefeitura para a gente. Isso que a gente quer firmar aqui com a senhora eleita”, disse a apoiadora de nome não divulgado.
Maria do Carmo responde positivamente e usa o nome de Deus para confirmar a pedida da mulher. “Se Deus quiser eu vou chegar lá. Hoje eu não estou lá e não posso dizer, mas é óbvio que, conhecendo vocês e vocês estando lá comigo, a gente vai arrumar sim”, diz Maria do Carmo.
Kellen Cristina Veras Lopes, ex-secretária de comunicação da prefeitura de Manaus durante a gestão de Arthur Virgílio e que, atualmente é braço direito da candidata em seus empreendimentos, presidente municipal do Partido Novo, confirma que Maria do Carmo teria planos maiores. “Até porque a senhora não tem intenção de ficar como vice-prefeita, pois seu projeto é maior”, sugere Kellen.
A própria candidata responde: “Meu projeto é pra dois anos virar a prefeita”, indicando que seu objetivo seria assumir o cargo principal antes do término do mandato, caso eleita como vice de Alberto Neto.
Após todas os pedidos fechados, Maria do Carmo passa a enviar dinheiro em pix, para aliados para iniciar sua campanha ao lado de Neto, e Ronaldo é quem cuida de grande parte desses valores.
Ronaldo utilizaria duas contas para receber os valores destinados ao ‘caixa dois’ de campanha de Maria do Carmo, sendo um em seu nome no banco Itaú, e outro em um nome de uma pessoa jurídica denominado “o assessor”.
“Ronaldo o teu pix? A Kellen me passou um, mas aparece assessor. É isso mesmo?” questiona a empresária no dia 25 de maio. Ronaldo responde positivamente.
Pouco antes do primeiro turno das eleições, Maria do Carmo envia uma vultuosa quantia para Ronaldo, e confirma os valores via mensagem para Ronaldo, que recebe o dinheiro para pagar “correligionários” de campanha.
“Ronaldo, estou tentando arrumar 50.000. Mas não tenho esse valor. Posso fazer Pix”, escreve a candidata a vice um dia antes da votação de primeiro turno.
É Kellen quem vai enviar o primeiro pix para Ronaldo por meio da conta “O Assessor” no dia 20/05. Ela transfere de uma empresa que está em seu nome, a KFL Consultoria, no valor de R$ 5 mil.
No dia 27 de maio, logo após questionar se a conta era aquela mesmo, a própria Maria do Carmo transfere mais R$ 25 mil. E nos meses seguintes usando tanto sua conta pessoal, quanto a do Centro de Estudos Jurídicos do Amazonas (Faculdade Santa Teresa), a vice de Alberto Neto alimentou de forma ilegal sua campanha. Em junho foram R$ 35 mil, julho R$ 75 mil, agosto R$ 85 mil (mais R$ 9,8 mil enviados por Kellen) e no dia da eleição mais R$ 22 mil reais, apenas em pix.
Kellen fala que deu R$ 500 mil reais não declarados à Justiça Eleitoral para Ronaldo, como forma de pagar várias pessoas próximo ao primeiro turno das eleições.
“A doutora (Maria do Carmo) investiu mais de R$ 500 mil reais no Ronaldo… A gente passou dinheiro pra ele. R$ 200 mil reais. Se ele não pagou vocês…” buscava justificar ao grupo, que perguntava quando foi este repasse.
“Na semana passada a gente deu dinheiro pro Ronaldo e sexta-feira foi passado o valor que estava faltando pra ele. Ele recebeu R$ 44 mil reais. Ele recebeu na semana passada. Antes da eleição” explicou Kellen completando: “Ele não tem como dizer que não recebeu porque dois pagamentos foram feitos pra ele. E um eu entreguei pra ele. Eu quero ver se ele é homem de dizer que eu não entreguei. Eu entreguei R$ 100 mil reais na mão dele”, revelou.
Todos os áudios, documentos e tudo que se refere aos crimes eleitorais já citados, foram entregues à Polícia Federal e ao Ministério Público Eleitoral, que já investiga o caso.