Mansão com criadouro particular de quelônios do ex-prefeito de Eirunepé levanta suspeitas de enriquecimento ilícito e crimes ambientais

A discrepância entre a fortuna e a realidade do município levanta dúvidas sobre enriquecimento ilícito e exploração ilegal da floresta

EIRUNEPÉ – Uma investigação aprofundada aponta para um cenário de luxo e impunidade em Eirunepé, no interior do Amazonas, protagonizado pelo ex-prefeito Raylan Barroso.

Sua mansão milionária, equipada com piscina, áreas de lazer sofisticadas e um criadouro particular de quelônios e animais exóticos da fauna amazônica, simboliza o contraste gritante com a situação precária enfrentada pela maioria dos moradores da cidade, que tem pouco mais de 35 mil habitantes.

Durante o período em que esteve à frente da prefeitura, o ex-prefeito Raylan Barroso promovia almoços e festas para aliados políticos em sua mansão, onde o cardápio incluía pratos feitos com quelônios, animais da fauna amazônica protegida por lei. Essa prática, além de polêmica, pode configurar crime ambiental e maus-tratos à fauna silvestre, uma vez que a extração e o consumo desses animais são proibidos sem autorização dos órgãos ambientais, como o IPAAM, IBAMA e ICMBio.

Ele ainda tem a cara de pau de postar nas redes sociais fotos desses encontros, desafiando a opinião pública e as autoridades ambientais.

Enquanto prefeito, Raylan fazia as próprias regras para se proteger e manter o esquema, atuando de forma autoritária para garantir seu domínio político e econômico na região.

Fortuna contestada

Em 2016, ao se candidatar a prefeito, Raylan declarou possuir cerca de R$ 1,4 milhão em bens, incluindo cotas em empresas, terrenos e residências em Manaus e Eirunepé. No entanto, a opulência de sua mansão e seu estilo de vida indicam uma fortuna muito superior, gerada possivelmente por meio de práticas ilegais.

Esquema ambiental e corrupção

Fontes locais e denúncias apontam para um esquema de extração ilegal de madeira e queimadas que devastaram áreas significativas da floresta amazônica durante a gestão do ex-prefeito. A Polícia Federal investiga o caso, buscando esclarecer o envolvimento de Raylan e seus aliados nesse esquema que teria movimentado milhões de reais, usados para financiar seu padrão de vida ostentoso.

Além disso, o criadouro particular de quelônios e outras espécies amazônicas, mantido sem as licenças dos órgãos ambientais IPAAM, IBAMA e ICMBio, pode configurar crime ambiental grave, pois essas espécies são protegidas e sua extração e comercialização são proibidas sem autorização. Não existe licença para isso!

Festas e alianças políticas

Outro aspecto revelador da investigação são os relatos de moradores e fontes próximas que confirmam a realização de almoços e festas políticas na mansão de Raylan, onde o cardápio incluía pratos feitos com quelônios. Esses eventos tinham o objetivo de fortalecer alianças políticas e manter o controle sobre a administração local, numa região marcada por denúncias de corrupção e impunidade.

Impunidade e autoritarismo

Enquanto esteve no poder, Raylan fazia as próprias regras para garantir sua proteção e domínio político e econômico na região, segundo relatos. Sua postura autoritária e o uso dos recursos públicos para fins particulares aprofundaram o abismo entre a elite política e a população carente.

Realidade da população

Enquanto isso, a população de Eirunepé enfrenta uma série de problemas, como infraestrutura deficiente, serviços públicos precários e ausência de transparência na aplicação dos recursos, dificultando o controle social e o combate à corrupção.

Este caso revela um quadro preocupante de corrupção, crimes ambientais e enriquecimento ilícito em Eirunepé. A mansão do ex-prefeito Raylan Barroso não é apenas um símbolo de luxo, mas um retrato da impunidade que assola a região. A investigação em curso pela Polícia Federal e pelos órgãos ambientais é fundamental para que a justiça seja feita e para que os responsáveis sejam responsabilizados.