A deputada Joana Darc (UB) reafirmou a denúncia realizada, no último sábado (29), diretamente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis do Amazonas (IBAMA-AM), na Zona Centro-Sul de Manaus, onde haviam medicamentos e alimentos, com data de validade ultrapassada, além de equipamentos para uso médico com condições de proveitos inadequados, sendo utilizados no Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas).
As últimas falas do superintendente do Ibama do Amazonas, Joel Araújo, defende acreditar que tais materiais estariam em um local para descarte, porém, Joana Darc contesta, com provas, afirmando que, no local, haviam insumos com vencimento desde 2008, 2013 e 2022. Logo, segundo especialistas, a demora para o descarte poderia caracterizar o Cetas como um lixão. Além disso, a parlamentar questiona o motivo pelo qual esses produtos estavam há tanto tempo armazenados.
“Nós encontramos os medicamentos vencidos, há mais de décadas, junto aos novos, no ambulatório veterinário, e temos provas que contrariam as falas dos funcionários do Ibama. Por que isso estava há tanto tempo armazenado de forma incorreta?”, disparou.
Vale ressaltar que a fiscalização ao órgão foi acompanhada por três agentes federais, inclusive, um delegado, que estava junto com a Joana e sua equipe.
Riscos para a saúde dos animais
Juntamente com um corpo técnico de médicos veterinários e um biólogo, durante a vistoria, a parlamentar encontrou fios de sutura, Scalp (dispositivo de acesso venoso), anestésicos, pomada, Cloreto de Sódio e Potássio, suplementos vitamínicos, e até Propofol, medicamento que necessita de um veterinário para manusear, todos com o prazo de validade vencido. Um dos mais antigos, o Scalp, se usado, traria grande risco para a saúde de qualquer animal.
“Temos imagens que revelam a data de validade dessas medicações. No caso do scalp para o acesso venoso, o período de vencimento mostra que o produto perdeu a sua viabilidade de uso, pois perdeu a esterilidade. Logo, se fosse usado em algum animal, se for colocado na veia para aplicar medicamento, que vai direto para corrente sanguínea, pode contaminar o paciente, podendo levá-lo a ter uma infecção sistêmica, e quem sabe até uma necrose no local da punção venosa”, disse Joana, que além de defensora da causa animal, é finalista do curso de Medicina Veterinária.
Cetas-AM sem médico veterinário
Vale lembrar que durante a fiscalização, observou-se animais no freezer, em óbito, já embalados com a data do dia 29/04/2023 (sábado), entretanto, em momento algum, a sede possuía a presença de um médico veterinário, tanto para prestar o socorro aos animais e, ainda, tentar reverter o quadro, quanto para que se pudesse atestar o óbito dos mesmos, identificar a causa morte, etc.
Na vistoria, foram solicitadas documentações específicas acerca do tratamento realizado nos animais internos do Cetas-AM, além de termos de recebimento dos animais, prontuários e atestados de óbito, porém a equipe de Darc não teve acesso às devidas informações.
Medicamentos de uso veterinário
De acordo com especialistas, a Ketamina é um anestésico injetável utilizado nos animais. Além de ser um medicamento comprado apenas por um médico veterinário, um especialista que não tinha no Cetas, apesar de estar dentro do prazo de validade, a Ketamina precisava ser armazenada separadamente, em um armário com chave, e com uso restrito ao profissional de medicina veterinária.
Segundo denúncias, o medicamento é uma droga que está sendo usada e comercializada cada vez mais em festas, geralmente, é utilizada em festas eletrônicas por jovens e que causam efeitos parecidos com o LDS. Além disso, gera no momento da utilização: anestesia e alucinação.
“Isso é questão de saúde pública. Não queriam deixar a gente entrar, por causa disso, eram medicamentos que precisavam de um armazenamento correto e de atenção dos responsáveis, porém estavam misturados e sem o devido cuidado, sem a orientação de um médico veterinário para manusear”, pontuou Joana.
Outro medicamento que chamou a atenção na live da deputada Joana Darc, foi o Propofol vencido. A medicação pode ser encontrada em apresentações de uso humano, porém com literatura técnica que baseia seu uso na medicina veterinária. Além disso, se usado de maneira incorreta, o propofol pode ser letal tanto para humanos quanto para animais.
Ainda de acordo com a decisão judicial, o juiz intimou o Ministério Público Federal (MPF) para que tome as devidas providências com relação ao Cetas-AM, e fornecerá todas as provas necessárias para que isso não passe impune.