Acusado de agredir verbalmente e ameaçar a presidente eleita do Tribunal de Contas do Amazonas (TCE-AM), Yara Lins, que o denunciou à Polícia nesta sexta-feira (6), o conselheiro Ari Jorge Moutinho da Costa Júnior já tem um longo histórico de brigas com desafetos e diversas investigações por suspeitas de participação em alguns crimes.

Moutinho por dezesseis anos exerceu carreira política tendo cargo de vereador quando participou de diversas comissões parlamentares junto à Câmara Municipal de Manaus (CMM), foi deputado federal e atuou como secretário de Estado antes de se tornar conselheiro do TCE-AM.

Em 2002 uma operação da Polícia Federal denominada “Albatroz”, foi desencadeada no Amazonas e teve como alvo, diversos políticos e autoridades estaduais e do município de Manaus, entre os envolvidos estava o então ex-vereador da capital Ari Moutinho da Costa Júnior.

Os envolvidos eram suspeitos de fraudes em licitações no Estado de 2002 a 2004, que gerou um prejuízo ao Amazonas de algo entorno de R$ 500 milhões. Em 2004, Moutinho foi indiciado por formação de quadrilha, fraudes em licitação, evasão de divisas e sonegação fiscal, juntamente com um grupo político que tinha o ex-deputado Antônio Cordeiro.

O vereador Ari Moutinho se envolveu no escândalo do caso Prodent, onde foi filmado junto com o ex-deputado Nelson Azêdo, negociando votos para ele se eleger como deputado federal, em troca de tratamento dentário. O Ministério Público Federal abriu um inquérito para investigar as ações dos parlamentares na época.

Já em 2006, o então candidato a deputado federal Ari Moutinho foi preso juntamente com o ex-prefeito de Coari Adail Pinheiro carregando R$ 250 mil em notas de pequeno valor. O parecer do Ministério Público Federal (MPF) à época concluiu que o dinheiro seria para compra de votos no interior do Estado.

Ari Moutinho Júnior já foi processado pelo então dono da Manaus Gás, Carlos Suarez, e o diretor técnico-comercial da Companhia de Gás do Amazonas (Cigás), Clovis Correia Junior, por xingamentos proferidos por Moutinho durante audiência pública sobre a prestação de serviço do gás natural no Amazonas, em junho de 2020 no TCE-AM.

Durante uma audiência pública realizada pela Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam), pautada sobre a prestação de serviço do gás natural no Estado, o conselheiro Ari Moutinho Júnior, chamou de ladrão, cleptomaníaco e chefe de quadrilha o governador Wilson Lima, e também de bandidos os diretores da Cigás que estavam presentes na live.

ari-moutinho Inimigo das mulheres e a vergonha do TCE-AM, conheça as diversas denúncias contra Ari Moutinho

Notoriamente exaltado o conselheiro interrompe a reunião e dispara. “Parem a brincadeira. Esse governador cleptomaníaco, esse governador chefe de quadrilha, investigado pela Procuradoria da República, tem que respeitar o povo do Amazonas. Senhores, me desculpem o desabafo, mas ouvir conversa fiada não cabe mais”, fala o conselheiro.

A motivação é que Ari estaria desesperado por conta da perda de recursos do shopping de seu pai, o desembargador Ari Moutinho, o Via Norte, localizado no bairro Santa Etelvina, zona Norte de Manaus. Conforme o deputado, tudo que for do estado; PAC, Seap, Detran e outros serviços, deverão ser retirados do local. E com isso o shopping deve perder uma receita de cerca de R$ 4 milhões, além do fluxo de pessoas.

Por isso que o Ministério Público do Amazonas (MP-AM), instaurou um inquérito civil para investigar a Superintendência de Habitação do Estado do Amazonas (Suhab) e o conselheiro do Tribunal de Contas do Amazonas (TCE-AM), Ari Jorge Moutinho da Costa Júnior, por possíveis irregularidades em contratação de imóvel entre a Suhab e o Shopping Via Norte.

À época, o ex-secretário de Infraestrutura na gestão de José Melo, Gilberto de Deus, foi quem encaminhou a denúncia ao MP, em que Gilberto mostrava uma possível exigência de vantagem ao conselheiro Ari Moutinho Júnior para alugar um escritório ao Governo do Estado, em 2016, no Shopping Via Norte.

A promotora de justiça responsável pela investigação, Wandete de Oliveira Netto, afirma que se trata de uma grave denúncia de irregularidade na locação de imóvel para funcionamento da Suhab no Shopping Via Norte, com suposta participação direta de conselheiro do TCE. O posto de atendimento começou a funcionar no local em fevereiro de 2016.

“Origina-se em cópia de procedimento investigatório instaurado pela Procuradoria Geral da República remetido ao MPF/AM para fins de adoção das medidas que entender pertinentes […] este, verificando a inexistência de verba federal declinou em favor deste Parquet”, diz uma nota emitida pelo MP-AM.

Ari Moutinho seria sócio de dois shopping centers em Manaus, sendo o Via Norte um deles.

INQUERITO-ARI-MOUTINHO_page-0001 Inimigo das mulheres e a vergonha do TCE-AM, conheça as diversas denúncias contra Ari MoutinhoINQUERITO-ARI-MOUTINHO_page-0002 Inimigo das mulheres e a vergonha do TCE-AM, conheça as diversas denúncias contra Ari Moutinho

Em 2019 o conselheiro do Tribunal de Contas (TCE) Ari Moutinho Júnior e o empresário Dailton Cabral tiveram uma discussão com muitos palavrões, entre eles, com diversas testemunhas presenciando uma agressão física praticada pelo conselheiro contra o empresário.

A confusão aconteceu em frente ao restaurante Coco Bambu, no Shopping Ponta Negra, zona Oeste de Manaus. A agressão do conselheiro seria motivada pela disputa por grandes áreas de terras na zona Norte de Manaus, nas proximidades do bairro Santa Etelvina.

O empresário Dailton Cabral tinha na época das agressões 70 anos de idade e o conselheiro Ari Jorge Moutinho da Costa Júnior pouco mais de 40 anos. O empresário Dailton Cabral confirmou a agressão, mas não quis dar detalhes.