
O prefeito de Manaus, David Almeida ( Avante), enfrenta uma crise que combina desgaste político, erros estratégicos, investigações sensíveis e uma percepção crescente de arrogância administrativa que ameaça encerrar sua trajetória pública de forma precoce. A greve dos professores marcou o ponto de virada dessa derrocada, pois expôs a incapacidade do prefeito de dialogar com uma das categorias mais importantes do funcionalismo e revelou uma gestão que prefere o confronto à negociação. Ao revogar o ponto facultativo em plena crise e tentar forçar a volta dos profissionais às escolas, David reforçou para a opinião pública a imagem de um gestor autoritário que confunde comando com imposição, ignorando a pressão legítima dos servidores que protestavam contra a reforma da previdência apelidada de “PL da Morte”.
O foco do prefeito em obras midiáticas, como a roda-gigante da Ponta Negra, contribuiu para ampliar o desgaste, já que o equipamento, pensado como vitrine da gestão, virou símbolo de desconexão com a realidade da cidade. Durante a inauguração, o panelaço organizado pelos professores e os questionamentos sobre custos e prioridades mostraram que David perdeu o controle da narrativa e que não existe mais espaço para discursos de autopromoção enquanto a educação enfrenta cortes, precariedade e conflitos internos.
Paralelamente, o prefeito se vê cercado por denúncias e investigações que aumentam sua vulnerabilidade política. Há questionamentos no Ministério Público, processos no Tribunal de Contas e suspeitas envolvendo contratos de alimentação escolar, asfaltamento e comunicação. Em um cenário de desgaste social, qualquer nova denúncia ganha peso dobrado, pois encontra uma gestão fragilizada e um prefeito que já não conta mais com a blindagem política que possuía no início do mandato.
A análise política indica que David Almeida está cada vez mais isolado. Antigos aliados evitam defendê-lo, lideranças da base estão desconfortáveis com o impacto das crises e a resistência popular aumenta à medida que novos fatos surgem. O prefeito governa em uma bolha alimentada por assessores que reforçam a sensação de poder absoluto e esse isolamento tem sido fatal para líderes que ignoram sinais de desgaste, acreditando que a popularidade de ontem sustentará as tensões de hoje.
O futuro político de David Almeida depende da capacidade de reconstruir pontes, reduzir o tom confrontativo e recuperar credibilidade, mas analistas consideram improvável que isso aconteça no curto prazo. Dois cenários se formam com clareza: o desgaste lento, que leva o prefeito a terminar o mandato com alta rejeição, e o colapso rápido, em que novas crises podem abrir espaço para rupturas internas e até pedidos de impedimento. Em ambos os casos, a imagem de David Almeida já está seriamente comprometida e a percepção dominante é de que ele entrou em uma espiral de queda típica de líderes que confundem poder com onipotência. Se nada mudar, a carreira do prefeito pode terminar marcada pela arrogância, pela falta de diálogo e por decisões que transformaram uma gestão promissora em um exemplo de cegueira política.


