Escândalo no REVSAN: recursos públicos podem ter sido desviados pela Associação de Prefeitos do Amazonas

Ministério Público aponta indícios robustos de má gestão em programa de saneamento gerido pela Associação presidida por Anderson Sousa

A investigação do Ministério Público do Estado do Amazonas (MP-AM) sobre possíveis irregularidades na aplicação de recursos públicos do programa REVSAN Programa de Revisão e Atualização dos Planos Municipais de Saneamento Básico e de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos entrou em fase avançada de apuração e já aponta risco real de condenação da Associação Amazonense de Municípios (AAM) por atos de improbidade administrativa.

A AAM, comandada pelo ex-prefeito de Rio Preto da Eva, Anderson Sousa, está sendo formalmente investigada pela 77ª Promotoria de Justiça Especializada na Proteção do Patrimônio Público, sob o comando do promotor de Justiça Edinaldo Aquino Medeiros. A apuração, iniciada a partir da Notícia de Fato nº 01.2024.00005164-6, corre sob o número 06.2025.00000267-0 e já colheu provas preliminares que sugerem uso indevido dos recursos públicos repassados à entidade para executar o programa.

Fontes ligadas ao Ministério Público confirmam que documentos analisados até agora indicam possíveis fraudes na contratação de serviços, ausência de prestação de contas adequada, e desvio da finalidade do programa, que tinha como objetivo cumprir metas estabelecidas pelo Novo Marco Legal do Saneamento (Lei nº 14.026/2020).

Segundo apurado, há suspeitas de que o REVSAN, longe de ser uma política pública efetiva, tem servido como instrumento de distribuição política de recursos para aliados de Anderson Sousa dentro da estrutura da AAM, sem garantir o real cumprimento das metas de saneamento e gestão de resíduos sólidos nos municípios amazonenses.

A Promotoria já solicitou documentos fiscais, contratos e relatórios de execução, além de estar em fase de convocação de gestores e ex-servidores para oitivas. Caso se confirmem os indícios, a AAM e seus gestores poderão ser processados com base na Lei de Improbidade Administrativa (Lei nº 8.429/1992), o que pode acarretar perda de cargo público, suspensão dos direitos políticos e ressarcimento ao erário, entre outras sanções.

O avanço do procedimento reforça o papel do Ministério Público na fiscalização das verbas públicas transferidas para entidades privadas de interesse público, como a AAM, que, apesar de não integrar diretamente a administração pública, opera com recursos públicos de origem estadual e federal.

A Associação Amazonense de Municípios ainda não apresentou defesa pública nem esclarecimentos à sociedade. O ex-prefeito Anderson Sousa também permanece em silêncio sobre o caso.

O MP-AM reforçou que a investigação seguirá os princípios da legalidade, moralidade, impessoalidade e eficiência, conforme o artigo 37 da Constituição Federal, e fundamentada também pela Resolução nº 023/2007 do Conselho Nacional do Ministério Público, que regula a tramitação de inquéritos civis e procedimentos preparatórios.