Vem aí mais um curta de animação recheado de magia e sonhos produzida pelos estúdios Disney. Todos sabem que os filmes Disney sempre misturam o lúdico com alguma reflexão sobre comportamental e social, e com “Reflect” (Reflexo) não é diferente. A temática fica por conta da Gordofobia, seus aspectos morais, sociais e psicológicos refletidos pela ação e sentimentos que envolvem a primeira protagonista obesa da companhia.

A produção faz parte da segunda temporada da série experimental Pane Elétrica, que reúne ideias enviadas por artistas dos estúdios Disney.

Com direção da animadora Hillary Bradfield, Reflexo conta a história de uma bailarina chamada Bianca que “batalha com o próprio reflexo, supera dúvida e medo, canalizando sua força interior”. Em trailer, é possível ver a personagem dançando na aula de balé quando o espelho da sala de dança se quebra em minipedaços, simbolizando o jeito que ela vê a própria imagem.

O curta traz representatividade ao discutir temas importantes como autoestima, pressão estética e dismorfia corporal e promete causar um impacto positivo nas pessoas. Reflexo já está disponível no Disney+.

A Disney já foi acusada de incorrer em crime de Gordofobia através da produção de animações que sempre apresentam princesas e príncipes magros duelando com vilões, acima do peso, como por exemplo: Úrsula da Pequena Sereia e a Rainha de Copas de Alice no País das Maravilhas. Porém, Reflexo traz a protagonista Bianca, uma bailarina, buscando canalizar sua força interior através da batalha com o seu próprio reflexo. Tentando superar suas dúvidas e seus medos, na tarefa de diminuir o preconceito das pessoas em relação à sua aparência corporal.

Saindo da ficção para a realidade, no Brasil uma em cada cinco pessoas está com sobrepeso ou obesidade, de acordo com o Ministério da Saúde, e 85% das pessoas obesas já sentiram algum tipo de constrangimento por conta do seu peso. A gordofobia é uma aversão à gordura e às pessoas que estão acima do peso estabelecido como ideal. Além disso, cabe reforçar que vários transtornos alimentares começam na infância, por isso a importância de trabalhar desde cedo a relação do corpo com a alimentação.

É um preconceito que estrutura todo um conjunto de ações que excluem, segregam e inviabilizam o corpo gordo. Sem dúvidas, é uma distorção social que precisa de ações efetivas para quebrar o ciclo de violência, bullying e negação enraizados. Indivíduos gordos são vistos pelos “gordofóbicos” como pessoas inferiores aos demais e podem se tornar alvo de piadas e discriminação.

A obesidade é questão de saúde pública. É uma doença que se associa à diversas questões emocionais que agravam a condição do indivíduo. Pois, ver-se como alguém que não se encaixa nos padrões e que, por isso, não será aceito, pode ser bastante impactante para a construção da identidade pessoal. Para piorar, o julgamento proposto pela gordofobia cria, inclusive, uma visão deturpada em relação às pessoas gordas, associando o seu peso à incompetência ou preguiça. Atitudes que levam a uma série de prejuízos e danos psíquicos às vítimas – como desenvolvimento de ansiedade, depressão e até suicídio

Por fim, Reflexo traz representatividade ao colocar na mesa temas como: autoestima, pressão estética, dismorfia corporal e necessidade de aceitação. Porém, a bailarina obesa do curta que supera seus medos e sua dúvida resgatando a autoestima quando se permite enxergar e ver o quanto é linda e capaz, também nos provoca a pensar que a aceitação aqui vai muito além de apenas aceitar seu corpo como ele é.

*Com informações de IG