
Sem muita preocupação com o meio ambiente e com o intenso calor que faz na Cidade de Manaus e as mudanças climáticas que causaram a estiagem, que vem mudando a paisagem da Região Amazônica, o diretor presidente do Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (IPAAM), Juliano Valente, autorizou a retirada de árvores na avenida Efigênio Sales, bairro de Adrianópolis, na zona Centro-sul de Manaus.
De acordo com o documento do IPAAM homologado em abril deste ano, Juliano Valente autorizou a retirada de 53 árvores do canteiro central da avenida Efigênio Sales, colocando em seu lugar para dividir as pistas, blocos de concreto conhecidos de “dente de dragão”.

Entre as árvores retiradas da via estão as espécies Caju (Anacardium occidentale), Castanhola (Terminalia catappa), Flamboyant (Delonix regiapara), Ipê-rosa (Tabebuia impetiginosa), Laranja (Citrus aurantium), Manga (Mangifera indica), Palheteira (Clitoria fairchildiana) e Pau-pretinho (Cenostigma tocantinum) na Avenida Efigênio Salles no trecho próximo ao Tribunal de Contas do Estado do Amazonas (TCE-AM), no bairro do Adrianópolis, zona Centro-sul da capital.
De acordo com o último levantamento feito pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Manaus está na antepenúltima posição com apenas 23,90% dos domicílios em áreas urbana ordenada com a presença de arborização.
Para se ter uma ideia, a arborização urbana pode diminuir a temperatura local em até 8º C. E esse é apenas um dos inúmeros benefícios em manter as árvores em pé.
Nas redes sociais, internautas mostraram o antes e depois da retirada das árvores do canteiro central da Efigênio Sales e uma crítica a retirada dos 53 pés de árvores que ficavam no local, deixando a avenida ainda mais quente segundo eles.

A Prefeitura de Manaus vem tentando mudar esse cenário com o plantio de pelo menos 42 mil mudas espalhadas pelos canteiros centrais, praças e parques em todas as zonas da capital.
Órgão de meio ambiente contra o meio ambiente
O diretor presidente do Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (IPAAM), Juliano Valente, já havia autorizado a empresa Ecomanaus Ambiental, que faz parte do Grupo Marquise Ambiental, a construção de um aterro sanitário na Área de Preservação Permanente (APP), localizado no bairro do Tarumã, zona Oeste de Manaus.
Durante a fase de construção, a juíza Maria Eunice Torres do Nascimento intimou o IPAAM, Secretaria Municipal de Infraestrutura (Seminf) e Instituto Municipal de Planejamento Urbano (Implurb) a respeito da expedição do Termo de Permissão de Uso e das Licenças concedidas à Construtora Marquise para liberação de recuperação e pavimentação do ramal do quilômetro 13 da BR-174.
De acordo com o Relatório de Impacto Ambiental, apresentado em 2009, a empresa busca minimizar os impactos ambientais.
Conforme o Relatório, “a concepção do projeto do Aterro Sanitário de Manaus fundamentou-se, essencialmente, em critérios de engenharia e normas específicas operacionais, objetivando minimizar os impactos ambientais e sociais causados pela atual disposição inadequada do lixo no município, revertendo o quadro encontrado na disposição dos resíduos sólidos, no km 19 da Rodovia AM- 10”.
No entanto, o próprio Relatório ressalta os impactos: danos à fauna e flora, erosão do solo, desmatamento, alterações no escoamento natural da água, entre outros.

A Licença Ambiental emitida pelo Ipaam autoriza a Ecomanaus a operar o aterro sanitário para a disposição de resíduos sólidos urbanos e para a realização de testes operacionais referentes à funcionalidade rodoviária, isto é, das pistas de acesso à estrutura. O documento também permite que a empresa realize a primeira camada de regularização e proteção dos dispositivos de drenagem de efluentes em uma área de 142,28 hectares.
Mesmo com a concessão da licença, o Ipaam reconhece, no próprio documento, que a atividade tem grande potencial de degradação ambiental.

A instalação do aterro sanitário na Área de Proteção Permanente gerou críticas de vereadores e deputados.
O presidente da Câmara Municipal de Manaus (CMM), Caio André, afirmou, que fará uma representação junto ao Ministério Público do Amazonas (MP-AM) contra a construção da estrutura.
Segundo o parlamentar, será enviado um ofício ao Ipaam para pedir esclarecimentos sobre as licenças ambientais da construção.
Os parlamentares acrescentaram que a instalação de um lixão no local irá prejudicar a população do entorno e que se reuniriam com o governador Wilson Lima para falar sobre o assunto, além de propor uma visita de deputados ao local.
“Essa decisão foi tomada na calada da noite, pois ninguém sabia que essa lixeira estava sendo construída no local. Os donos dessa empresa Marquise não moram em Manaus, não se importam se o Tarumã for poluído, por isso irei propor a derrubada dessa licença ambiental para a instalação de uma lixeira no local”, afirmaram os parlamentares.


