Construtora de empresário que encontrou David Almeida no Caribe, ganha contrato de R$ 14 milhões da Prefeitura de Manaus

Uma empresa ligada ao grande amigo do prefeito David Almeida (Avante), que foi visto com ele na viagem do gestor à Ilha de St. Maarten à bordo de avião particular de um empresário Paulo Montenegro, conhecido como “Paulinho Pepeta”, figura que, embora não conste formalmente como sócio da empresa, atua como seu principal representante informal e mantém vínculos profundos, parece que recebeu mais um contrato da Prefeitura de Manaus.

O contrato foi homologado no Diário Oficial de Manaus na última segunda-feira (21), e mostra que a Prefeitura de Manaus por meio da Secretaria Municipal de Infraestrutura (Seminf), firmou um contrato de R$ 14.520.000,00 (quatorze milhões, quinhentos e vinte e cinco mil reais), com a PLATINA SERVIÇOS DE ENGENHARIA LTDA, para “serviços comuns de engenharia de natureza continuada de manutenção predial e reparação de prédios públicos, áreas públicas de lazer, praças públicas, vias públicas, abrigo de ônibus, com fornecimento de material e mão de obra, localizados nas áreas urbana e rural de Manaus”.

Em uma pesquisa rápida na Receita Federal, Renan Lira Cavalcante de Oliveira e Larissa Vieitas Rodrigues, que seria parente de Paulinho Pepeta e sócia da empresa Grafisa Gráfica Editora LTDA, que possuem contratos com a Prefeitura de Manaus que chegam na casa dos R$ 100 milhões de reais.

Larissa é irmão de Amanda Montenegro Vieitas, filhas de Paulo Sérgio Montenegro Vieitas, que é figura próxima de David Almeida e apontado como empresário que esteve com o prefeito na polêmica viagem ao Caribe, ao lado de Izabelle Fontenelle.

David e Izabelle são investigados pelo Tribunal de Contas do Estado do Amazonas (TCE-AM) e o Ministério Público do Amazonas (MP-AM), por conta da viagem à Ilha de St. Maarten no jatinho particular dos Montenegros Vieitas, onde o casal gastou milhares de reais em champanhe de luxo e hospedagem de primeira classe.

Uma relação além do contrato

Paulo Montenegro não é apenas um fornecedor da Prefeitura. Ele é padrinho de casamento de David Almeida, frequentador íntimo do seu círculo pessoal e, em 2024, foi responsável pelo fornecimento de material gráfico da campanha de reeleição do prefeito, pela qual recebeu R$ 333 mil.

Em março de 2025, os dois foram flagrados em uma viagem de luxo no Caribe durante o Carnaval. Nas redes sociais, registros da estadia em resort cinco estrelas vieram à tona, enquanto a assessoria oficial da Prefeitura informava que o prefeito se encontrava em “retiro espiritual”. A narrativa caiu por terra quando fotos e vídeos começaram a circular, associando diretamente o chefe do Executivo municipal ao empresário beneficiado por contratos públicos milionários.

A relação entre David Almeida e Paulo Montenegro vai além da amizade: envolve milhões em contratos públicos, vínculos políticos e sinais claros de favorecimento. O caso merece investigação aprofundada por parte do Ministério Público do Estado do Amazonas, Tribunal de Contas e Câmara Municipal, pois representa risco concreto à moralidade administrativa e ao uso correto dos recursos públicos em Manaus.

Quem são os sócios da Grafisa?

Apesar de Montenegro ser a face pública da empresa, ele não aparece formalmente como sócio. No papel, os proprietários são:
• Amanda Aragão Montenegro Vieitas
• Larissa Vieitas Rodrigues
• Luiz Otávio Montenegro Vieitas
• Smart Holding e Gestão Empresarial Ltda.

A estrutura sugere uma blindagem societária, prática comum em empresas que desejam ocultar o verdadeiro controlador financeiro, o que, em contratos com o poder público, pode configurar fraude à licitação ou ocultação de vínculo com agente político.

Um histórico de irregularidades

A Grafisa é contratada pela Secretaria Municipal de Educação (Semed) para fornecimento de material pedagógico. Desde 2021, já recebeu mais de R$ 98 milhões da Prefeitura de Manaus. Em 2023, a empresa teve uma licitação suspensa pelo Tribunal de Contas do Estado do Amazonas (TCE-AM) por indícios de irregularidades.

Além disso, um imóvel pertencente ao grupo Grafisa foi alugado por R$ 6 milhões pela Agência Reguladora dos Serviços Públicos de Manaus (Ageman), o que mostra que os contratos extrapolam a esfera educacional e atingem outras autarquias controladas por aliados de David Almeida.

O caso pode envolver:

• Improbidade administrativa, conforme a Lei nº 8.429/1992
• Crime de responsabilidade, se configurado o uso do cargo em benefício pessoal
• Fraude à licitação, nos termos da Lei nº 14.133/2021
• Uso indevido de pessoa interposta, para ocultar a verdadeira participação societária