O ex-governador do Amazonas David Almeida (Avante) deu entrada, nesta quinta-feira (6), na Delegacia Interativa da Polícia Civil, em uma representação contra oito perfis oficiais de redes sociais que publicaram e compartilharam fake news (notícias falsas), nas últimas semanas contra ele. A oito meses da eleição municipal, David afirmou que os ataques contra sua honra podem incorrer em crimes de calunia, injúria, difamação, até mesmo de falsidade
Depois de dar entrada na representação, David preferiu não divulgar os nomes dos perfis e dos possíveis pré-candidatos, para, segundo ele, não prejudicar as investigações da Delegacia Especializada em Repressão aos Crimes Cibernéticos. Mas David, que é presidente do partido Avante e pré-candidato a prefeito de Manaus, disse que os ataques parecem ser todos “orquestrados” de forma sistemática para prejudicar a sua imagem como figura pública.
“Eu não vou falar de nomes aqui, porque vem aí uma investigação feita por profissionais da Polícia Civil. Estamos representando contra oito perfis de pessoas reais, mas o número é ainda maior. Agora, uma coisa é certa, eu não vou me calar diante das fake news que vêm fazendo grandes estragos desde as últimas eleições no Amazonas”, observou David Almeida.
De acordo com a defesa de David, os ataques por meio de publicações falsas, requentadas e distorcidas, foram iniciados por pessoas de comprovada relação com possíveis candidatos a prefeito de Manaus neste ano. “Simpatizantes da pré-candidatura do David, seguidores e amigos viram as postagens e mandaram para David e sua equipe jurídica as postagens e compartilhamentos”, contou o advogado Junior Nunes.
Linha crescente
Os ataques de fake news no ambiente virtual contra David Almeida estão entre outras centenas registrados pela Secretaria de Segurança Pública do Estado (SSP-AM). O delegado titular da Delegacia Interativa, Gesson Eliesio, informou que o volume de registros de ocorrências contra crimes cibernéticos no Amazonas registrou, em 2019, um crescimento de 23% em relação a 2018. Segundo ele, desse volume, os crimes de calúnia, injúria e difamação no meio político estão entre os que mais crescem.
O delegado especialista disse que, diante dos indicadores, a expectativa é de que o número de crimes cibernéticos no ambiente virtual cresça ainda mais, uma vez que 2020 é um ano eleitoral. “Hoje, esses grupos do meio político ainda vão ter que atuar bastante contra as fake news. A nossa expectativa, principalmente paras as eleições municipais deste ano, é de que esse volume, especialmente de crimes de ódio, ou mesmo aqueles contra a honra, de calúnia, injúria e difamação, deem uma crescida com relação às eleições”, disse.
Gesson Eliesio contou que, neste ano, assim como David Almeida, diversos outros políticos já procuraram pela delegacia especializada para registrar denúncias contra os crimes cibernéticos cometidos contra eles. “Nós temos tomado as providências, identificado as pessoas, porque elas, geralmente têm tentado se esconder por trás de perfis falsos e acham que, por estarem por de traz de um computador dentro da sua casa, podem praticar qualquer tipo de ato ou crime na internet”, comentou o delegado.
O especialista disse ainda que, não há uma fórmula, especialmente para pessoas públicas, se livrarem de ataques cibernéticos. “É necessário se manter vigilante. As autoridades ou candidatos vítimas das fake news têm que printar a publicação, verificar o perfil que fez a postagem. Nós precisamos do nome da conta, da URL (link), para pedir uma quebra de sigilo judicial do Facebook, do Instagram, de qualquer outro aplicativo, para que entreguem todos os dados vinculados ao IP de onde estão partindo essas mensagens”, explicou.