Almir Prestes atropela a máquina de Augusto Ferraz e muda o jogo político em Iranduba

A recente vitória esmagadora do candidato apoiado por Almir Prestes para a presidência do bairro Alto de Nazaré, em Cacau Pirêra, provocou um abalo no cenário político local e acabou ofuscando o capital político do prefeito Augusto Ferraz na região. O resultado da eleição comunitária foi interpretado por moradores e lideranças locais como uma demonstração clara de que organização popular, mobilização social e trabalho coletivo podem superar a influência do poder econômico, historicamente associado a grupos ligados à atual gestão municipal. O episódio consolidou Almir Prestes como uma liderança em ascensão em Iranduba, especialmente em Cacau Pirêra, onde cresce o sentimento de insatisfação com a administração pública.

Veja: Fotos da disputa da comunidade Alto de Nazaré com a vitória do candidato de Almir Prestes e a derrota de Ferraz


Advogado, pai de família e esposo, Almir Prestes tem se destacado por uma atuação independente, sem vínculos com a máquina pública, centrada em denúncias, cobranças institucionais e ações de conscientização política junto à população. Sua presença constante nas comunidades e o discurso crítico direcionado a temas sensíveis da gestão municipal passaram a incomodar setores do governo. Nos bastidores, a avaliação é de que o fortalecimento político de Almir representa uma ameaça direta ao protagonismo de Luana Ferraz, secretária municipal de Saúde e primeira-dama de Iranduba, apontada como potencial candidata a uma vaga na Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam). A crescente rejeição popular à gestão da saúde, aliada à associação direta de Luana ao atual governo, tem sido explorada no debate público e ampliado o desgaste do grupo político que hoje comanda a prefeitura.

Outro eixo central da atuação de Almir Prestes que ganhou grande repercussão foi a mobilização contra a nova proposta de Contribuição para Custeio do Serviço de Iluminação Pública (COSIP) no município. Segundo denúncias e análises divulgadas pelo advogado, a Prefeitura de Iranduba tenta aprovar de forma discreta um projeto que cria uma nova cobrança na conta de energia elétrica, justamente em um momento em que a população enfrenta dificuldades com serviços básicos. Com a UFM fixada em R$ 104,00, os valores previstos no projeto indicam impacto significativo no orçamento de famílias e comerciantes.

De acordo com o texto do projeto, famílias poderão pagar mensalmente valores como R$ 21,84 para consumo entre 176 e 200 kWh, R$ 34,32 para consumo de 226 a 250 kWh, R$ 58,24 para consumo entre 351 e 400 kWh e até R$ 78,00 para quem consome entre 501 e 600 kWh. Já para o comércio, a cobrança prevista varia de R$ 23,92 a R$ 33,28 para consumo entre 150 e 200 kWh, chega a R$ 72,80 para 301 a 350 kWh, R$ 122,72 para 401 a 500 kWh e pode alcançar valores entre R$ 135,20 e R$ 187,20 para consumo de 600 a 700 kWh. Para moradores e empresários locais, os números confirmam que a COSIP representará mais um peso direto no bolso da população.

O ponto considerado mais grave por especialistas e lideranças comunitárias é que o projeto enviado à Câmara Municipal prevê a utilização dos recursos da COSIP para custear itens de segurança pública, como câmeras de monitoramento, serviços de vigilância e sistemas de segurança. Juristas alertam que esse tipo de despesa não se enquadra na finalidade constitucional da COSIP, que deve ser destinada exclusivamente ao custeio da iluminação pública. O entendimento majoritário é de que a contribuição não pode ser usada para financiar segurança, sob pena de desvio de finalidade.

Diante disso, cresce a indignação popular. Moradores de Iranduba denunciam a falta de debate público, a ausência de audiências e a tentativa de aprovação acelerada do projeto. Para a população, trata-se de uma taxa disfarçada, empurrada sem diálogo, enquanto problemas estruturais do município seguem sem solução. “O povo de Iranduba merece transparência, respeito e debate, não mais uma cobrança escondida na conta de energia”, afirmou um morador ouvido pela reportagem.

Nesse contexto, a atuação de Almir Prestes passou a simbolizar o que muitos chamam de “novo projeto para Iranduba”, baseado em fiscalização cidadã, enfrentamento político e mobilização popular. O reposicionamento das forças políticas, especialmente em Cacau Pirêra, foi interpretado como um recado direto à gestão Augusto Ferraz e à sua base de apoio. A vitória comunitária, somada à resistência contra a COSIP, fortaleceu a narrativa de que a união do povo pode frear a força do dinheiro e da máquina pública.

A expectativa agora recai sobre a Câmara Municipal, onde vereadores são cobrados a se posicionar de forma clara e pública. A população quer saber quem irá apoiar ou rejeitar mais esse aumento disfarçado na conta de energia, em um momento de dificuldades econômicas e descrédito com a política tradicional. O debate está aberto, e o silêncio dos parlamentares tende a ser interpretado como concordância com mais uma cobrança imposta ao povo de Iranduba.