Iniciou o segundo turno das eleições à Prefeitura de Manaus e com isso, sugem das profundezas, os casos mais escabrosos que um candidato tentava esconder a todo custo.

O candidato Capitão Alberto Neto (PL), que tenta se passar por “bom moço”, esconde diversos problemas com a justiça e lógico, casos de nepotismo, corrupção e até mesmo extorsão.

O Ministério Público do Amazonas (MP-AM), investiga o Capitão Alberto Neto, por extorquir um motorista da Uber chamado Alexsandro Barbosa Fonseca, que afirmou ao MP-AM, que pagou o valor de R$ 5 mil para não ser preso durante uma abordagem policial realizada no dia 1° de dezembro de 2017.

Segundo o motorista, no dia do ocorrido, os policiais comandados por Alberto Neto, abordaram um veículo um Voyage de placa PHD-9359 dirigido por Alexsandro com dois passageiros identificado como sendo Pedro da Silva de Carvalho e Russiney Pantoja Barbosa, que eram feirantes, por volta das 8h40 no Posto dos Taxistas, localizado na Avenida Manaus 2000, no Distrito Industrial, zona Leste de Manaus.

Alexsandro, Pedro e Russiney foram colocados em três carros diferentes, uma viatura da Polícia Militar, uma picape branca com policiais e o carro de Alexsandro, que ele mesmo dirigia, e passaram aproximadamente três horas rodando por alguns bairros da cidade.

Segundo o motorista, a negociação para não prender ele aconteceu durante o trajeto que fizeram por Manaus. Ao ser questionado se teria os R$ 5 mil, o motorista afirmou que o sogro dele tinha o valor e os policiais seguiram para o endereço indicado, no bairro São José Operário, onde o pagamento foi feito e Alexsandro liberado.

Depois de liberá-lo, os policiais levaram o carro que ele dirigia à delegacia. Pedro e Russiney disseram que os policiais chegaram a perguntar se eles tinham dinheiro, mas, diante da resposta negativa, os conduziram à delegacia. No local, disseram que haviam abordado apenas os dois no carro, e apresentaram uma quantidade de drogas que, segundo os militares, fora encontrada no Voyage.

De acordo com o inquérito, a droga foi apreendida no início da tarde daquele mesmo dia, após perseguição a um adolescente de idade não informada. Com o adolescente, os policiais apreenderam três sacolas com porções de maconha. A ação teria sido transmitida ao vivo pela rede social do próprio Capitão Alberto Neto.

Na delegacia, os policiais disseram que a droga encontrada com o adolescente havia sido repassada por Pedro e Russiney. Ainda de acordo com os policiais, uma denúncia anônima recebida naquele mesmo dia informava sobre suposto carregamento de drogas na região e que o material estaria com Pedro e Russiney. No depoimento, o adolescente afirmou que não conhecia Pedro e Russiney, mas confirmou que ele vendia drogas no bairro da zona Sul, onde foi apreendido, e que havia recebeido de um fornecedor do bairro Compensa, na zona oeste.

No documento, o delegado cita doze pontos que, segundo ele, sustentam a contradição das informações registradas pelos policiais no Boletim de Ocorrência. Segundo o delegado, as imagens do sistema de segurança do posto, o relatório do trajeto do GPS do carro abordado pelos policiais e os depoimentos dos quatro personagens envolvidos na ação provam que houve ação forjada.

Na Justiça, Pedro e Russiney usaram o inquérito policial para embasar o pedido de revogação da prisão preventiva. No dia 27 de dezembro, a juíza Luciana da Eira Nasser atendeu o pedido levando em consideração o relatório de investigação apresentado pelo delegado e o parecer do Ministério Público do Estado do Amazonas (MP-AM).

Na decisão, a juíza cita “as circunstâncias pessoais dos flagranteados [Pedro e Russiney], que são primários, ostentam bons antecedentes, comprovam possuir residência fixa, trabalho lícito como feirantes”, o que justificou o relaxamento das prisões.

Emendas parlamentares para outros lugares menos para Manaus

O candidato a prefeito de Manaus, Capitão Alberto Neto, teve R$ 400 milhões em emendas parlamentares durante os seis anos de mandato de deputado federal, mas não ajudou Manaus. Nem mesmo durante a pandemia da Covid-19, na maior cheia e maior vazante da história da capital amazonense.

Desde o início do mandato, em 2019, Alberto Neto já direcionou mais de R$ 4 milhões em emendas parlamentares para outros Estados e Fundos Nacionais. Os Estados beneficiados pelo envio dos recursos a partir do direcionamento do político eleito pelo Amazonas são: São Paulo e Paraná.

Do valor total, duas emendas com R$ 100 mil foram direcionadas ao Fundo Nacional de Saúde em 2020, para “assistência hospitalar ambulatorial” no Estado de São Paulo. Esse recurso, segundo constam em dados do portal da transparência, foram empenhados e pagos. Além disso, o parlamentar destinou uma outra emenda no valor de R$ 500 mil, no ano seguinte, ao município de Londrina (PR). O valor também foi pago de forma integral.

Os dois Estados estão entre os líderes de votos no ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), nas eleições de 2022, o equivalente a 55,24% e 62,40% em São Paulo e Paraná, respectivamente, conforme o resultado do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Alberto Neto é apoiador fiel do ex-presidente e disputa a Prefeitura de Manaus com o aval do político.

Alberto Neto destinou recursos por meio de emendas parlamentares, mas não constam os Estados onde eles serão aplicados, somam ao todo mais de R$ 3 milhões. O valor mais alto investido pelo deputado equivale a R$ 545 mil à Polícia Rodoviária Federal (PRF), em 2022, com descrição sobre “policiamento, fiscalização, enfrentamento à criminalidade e corrupção”.

O detalhamento do empenho apresenta o registro como “aquisição de veículos policiais ostensivos (caracterizados)”, fornecidos pela empresa CAOA Montadora de Veículos LTDA. O então diretor-geral da PRF, Silvinei Vasques, estava no comando da instituição quando o valor foi declarado empenhado pelo Executivo, a pedido de Alberto Neto.

Silvinei é investigado por suspeita de tentar impedir o deslocamento de eleitores no Nordeste durante o segundo turno das eleições presidenciais.

As emendas de Alberto Neto também foram destinadas ao Exército Brasileiro em 2022. Os valores, segundo constam em documentos do Portal da Transparência, são de R$ 350 mil com objetivo descrito por “adequação de ativos de infraestrutura das organizações militares”. Do valor total, apenas R$ R$ 349 mil chegaram ao destino do investimento.

A detalhamento do documento de empenho da emenda ao Exército cita a “construção das unidades residenciais desordenadas da pista de combate à localidade e do muro de contenção do estande de tiro, do Complexo de Tiro do Comando de Operações Especiais em Goiânia (GO)”. A empresa que consta como responsável pela obra no Portal da Transparência é a “Ômega Engenharia LTA”.

Outras emendas foram destinadas ao Ministério da Saúde em 2020, por meio do Fundo Nacional de Saúde. A maioria aparece como justificativa o “enfrentamento da emergência de saúde pública de importância internacional decorrente do coronavírus, em regime de crédito extraordinário”, ou seja, um adicional para atender a despesas imprevisíveis e urgentes, como as decorrentes de guerra, comoção interna ou calamidade pública, aberto por meio de medida provisória.

Mesmo sendo eleito pelo estado do Amazonas, o deputado federal Capitão Alberto Neto enviou recursos de emendas para cidades dos Estados do Paraná e São Paulo, enquanto a população que lhe deu uma votação expressiva, fica sem nenhum centavo e sem amparo de alguém que agora quer ser prefeito da capital amazonense.