Codese irá disponibilizar o software para coletar informações sobre as principais demandas da cidade

A proposta de desenvolver um aplicativo gratuito para coletar informações da população de Manaus sobre suas prioridades em termos de saúde, educação, mobilidade urbana, infraestrutura, ações sociais entre outros temas foi apresentada durante a 7ª Plenária Ordinária do Conselho de Desenvolvimento Econômico, Sustentável e Estratégico de Manaus (Codese Manaus), que ocorreu nesta terça-feira (11), na sede da Câmara de Dirigentes Lojistas de Manaus (CDLM).

A reunião teve como tema “O Futuro da Minha Cidade”, que faz parte de um amplo planejamento para transformar a capital do Amazonas num lugar melhor para se viver e trabalhar até 2038. Na ocasião, estiveram presentes os representantes das 24 entidades que compõem a plenária do Codese Manaus. “Começamos esse trabalho em 2018 para pensar Manaus pelos próximos 20 anos. Os dois primeiros anos foram muito exitosos. Entregamos vários projetos, mas temos novos desafios. Sabemos os riscos da concentração da economia na Zona Franca de Manaus, que gera mais de 100 mil empregos diretos. Não dá para suprimir esse modelo da noite para o dia. É preciso buscar uma transição, buscar alternativas e consolidá-las”, ponderou o presidente do Codese Manaus, Romero Reis.

Para estruturar o passo a passo da construção da Manaus do futuro, o Codese Manaus desenvolve a “Carta de Navegação 2021-2024”. A proposta, que terá ampla participação social na concepção do documento, visa implementar políticas públicas na cidade de Manaus nos próximos quatro anos. O projeto baseia-se em três pilares: implantar e consolidar novas matrizes econômicas a partir de produtos essencialmente regionais que respondam por pelo menos dois terços do Produto Interno Bruto (PIB) da capital; situar a cidade entre as 10 melhores do Brasil para se viver e, ainda, colocar Manaus entre as 20 melhores cidades para se fazer negócios no país. “Esse trabalho é feito por várias frentes. Cada frente dessa vai estudar todos os segmentos da sociedade civil de uma maneira geral. Desde os povos indígenas a outras culturas, separados por renda, por atividade, na área acadêmica as universidades, no segmento produtivo, poder Judiciário, poder Legislativo, toda a sociedade será consultada. Essa pluralização irá conferir ao trabalho uma representatividade da sociedade civil organizada”, explicou Romero Reis.

A consultora responsável pela condução e finalização da Carta de Navegação orientou aos participantes que descrevessem seus projetos direcionados para o bem da coletividade, pontuando o objetivo, fonte de recursos e parcerias firmadas para o desenvolvimento das ações. A arquiteta e urbanista, Silmara Silveira, também reforçou que o grupo deve mapear projetos de terceiros a fim de identificar os gargalos, construindo pontes que conectem os diversos atores com o intuito de apontar soluções para problemas da cidade. O documento deverá ser apresentado aos candidatos a prefeito de Manaus no segundo semestre.

“Devemos encerrar o trabalho até o mês de julho porque agosto começam as campanhas. Devemos apresentar aos candidatos a Carta, receber deles a devolutiva em forma de debate com a participação das entidades do Codese com a possibilidade de inserção das propostas no plano de governo do candidato a prefeito. O candidato deverá assinar um termo de compromisso, reconhecido em cartório, de que se eleito for cumprirá as propostas. O Codese irá monitorar essa operacionalização ao longo do mandato”, detalhou Silmara Silveira.

Colaboração ativa

Representantes das entidades participantes sinalizaram os pontos em que podem contribuir a partir da sua área de atuação. Manoel Junior, do Conselho Regional de Contabilidade (CRC), destacou o acompanhamento da Reforma Tributária, que pode impactar na extinção do Pólo Industrial de Manaus, assim como elaboração de legislação própria para os próximos segmentos a serem implantados na cidade.

O presidente da Associação Comercial do Amazonas (ACA), Ataliba David Antônio e o presidente do Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Amazonas (CAU/AM), Jean Faria, lembraram do esvaziamento e abandono do centro da cidade, assim como as consequências para o comércio que vem amargando perdas sucessivas no número de clientes e negócios fechados. “O Cau realizará um evento em parceria com o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), que se mostrou interessado em flexibilizar regras para evitar o esvaziamento maior que existe no local. O centro da cidade só vai funcionar quanto tiver os três eixos: serviço, comércio e moradia. Quando há moradia, há pessoas circulando, aumentando o nível de segurança”, contextualizou o presidente Jean Faria.

O diretor da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL Manaus), Antônio Kizen, liberou o banco de dados da CDL Manaus, bem como o uso do sistema de telemarketing da entidade para coletar ou repassar informações para as pessoas de interesse que irão compor essa amostra representativa da Carta de Navegação. “A CDL é uma entidade classe do comércio, a qual tem 5 mil associados no estado do Amazonas, empresas que impactam mais de 100 mil funcionários. Temos um banco de dados elevado e bancadas de pesquisa por SMS. Com isso, também temos um poder de ajudar nas pesquisas junto a essas empresas, o que podemos considerar um caminho para levantar as informações necessárias. Portanto, nossa entidade está preocupada com o comércio, município e nosso estado, bem como estamos à disposição para colaborar”, garantiu Antônio Kizen.

Formação de base de dados e aplicativo

Diante do tempo limitado para captação e cruzamento de dados, o Codese fechou parceria com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Universidade do Estado do Amazonas (UEA) e Instituto Federal do Amazonas (Ifam) para coletar as informações em segmentos sociais diversos e, posteriormente, processá-las para definir as prioridades da próxima gestão de Manaus.

Além do apoio dos consultores e pesquisadores, o vice-presidente do Codese Manaus, Euler Guimarães de Souza, planeja democratizar as contribuições, permitindo a participação da população por meio da utilização de tecnologia acessível e gratuita. “Está em planejamento a elaboração de um aplicativo onde as pessoas poderão apontar suas demandas a fim de melhorar sua qualidade de vida. Dessa forma, todos poderão participar de forma ativa do futuro da nossa cidade”, destacou.