A monogamia não é algo natural no ser humano. Há muitas evidências históricas e científicas que indicam que esse comportamento é, na verdade, uma construção social. A Ana Claudia, 33 anos, funcionária pública, também de São Paulo, é uma mulher que não se ajusta a esse modelo de relacionamento. Ela contou sua história ao podcast Sexoterapia:
“Casei há quatro anos, com primeiro namorado, depois de nove de namoro. Eu só havia transado com o meu marido e tinha muita curiosidade de experimentar sexo com outro homem. Essa vontade ficou ainda maior depois de um ano de casamento, quando nossa frequência sexual diminuiu muito. Só transávamos quando eu o procurava e às vezes ele não cedia, dizia que estava cansado. Cheguei a explicar que estava sentindo mais desejo sexual e gostaria de transar mais. Ele respondeu que estava vivendo outro momento, num emprego novo, dedicando-se o máximo ao trabalho e sem tempo para mim. Foi aí que, depois de dois anos de casada, entrei em um aplicativo de relacionamento. Saí com primeiro cara, com o segundo, o terceiro, o quarto, o quinto, até perder as contas. Já pensei em me separar, mas gosto muito do meu marido. Pode parecer estranho, mas eu o amo de verdade. É com ele que me sinto segura. Mas preciso buscar sexo fora do casamento.”
Será mesmo possível ter amor e sexo dentro do mesmo relacionamento? Ana Canosa, sexóloga e apresentadora do podcast, acha que sim. “Existem muitas pessoas que têm o perfil para relações monogâmicas, que vivem felizes assim, que não têm uma necessidade tão grande de experimentar coisas fora do relacionamento”, diz. Ela explica, ainda, que o sexo pode ser muito bom ao longo do tempo. “É verdade que o desejo diminui com o tempo nos relacionamentos de longa duração. Isso não significa que o sexo não seja bom. Um casal que se uniu pelo afeto e pelo erotismo, pode manter o erotismo, modificado, ao longo de toda vida e se satisfazer com isso.” Esse comportamento, no entanto, varia muito de acordo com o perfil de cada pessoa. Tem gente que não tem perfil para a monogamia. Essas terão dificuldade em seguir esse modelo. “Há pessoas que adoram flertar, que adoram uma novidade, o jogo de sedução. Há pessoas que precisam seduzir alguém para ter essa referência de autoestima”, diz.