O Grupo Heineken anunciou a saída do polo industrial de Manaus nesta sexta-feira (4), a empresa é a primeira a sair da Zona Franca após a redução do IPI.

O decreto que reduziu o imposto foi editado pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) que reduziu o Imposto sobre Produtos Industrializados.

Em nota, a fabricante afirmou que a realocação para o município de Itu, no interior de São Paulo, irá otimizar sua produção, aumentar a eficiência de toda a cadeia produtiva, reduzir a emissão de carbono e acelerar a chegada dos produtos aos pontos de venda. A maior parte das distribuidoras da Heineken se localiza em estados das regiões Sul e Sudeste do Brasil.

O grupo atribui a saída da Zona Franca de Manaus ao fim do uso de embalagens PET em suas bebidas acima de 1 litro em bebidas não alcoólicas como água mineral e refrigerantes, produtos que estavam na linha de produção da unidade na capital amazonense. Segundo a Heineken, a “mudança contribui com o compromisso da empresa de neutralizar a emissão de carbono de toda a sua cadeia de valor até 2040”.

Contudo, a situação de insegurança jurídica gerada pela redução do IPI também contribuiu para a decisão. À rádio Band News Difusora, o vice-presidente da Câmara dos Deputados, Marcelo Ramos (PSD-AM), afirmou que a própria empresa reconhece que “a situação regulatória tem algum impacto nisso”.“Você tem uma insegurança jurídica enorme com os investimentos na Zona Franca de Manaus. Se o polo de concentrados, o polo de refrigerantes, continuasse sendo competitivo em Manaus, a Heineken teria fechado em Itu e concentrado tudo aqui, e não fechado aqui e concentrado em Itu”, afirmou o parlamentar.

O representante do Amazonas afirmou que a saída da Heineken é muito simbólica, pois o estado perde mais uma grande marca. Em 2018, a Pepsi, também do ramo de concentrados, já havia deixado o Polo Industrial de Manaus.A saída veio pouco depois do governo federal, à época com Michel Temer (MDB) ocupando a presidência da República, reduzir o IPI das companhias de refrigerante instaladas na Zona Franca de 20% para 4%, a fim de bancar os subsídios de óleo diesel.

A medida foi tomada para encerrar a greve dos caminhoneiros que parou a economia durante algumas semanas em 2018.