Vídeo: Marmita de bandido e assaltantes são flagrados dando rajada de fuzil

Mais informações sobre o relatório da Polícia Civil detalhando a violência no Rio de Janeiro foram reveladas na terça-feira (7) pelo RJ2. De acordo com o documento, traficantes ampliaram os domínios por todo o estado e migraram do tráfico e da extorsão para outros crimes.


Roupas camufladas e armas de guerra. O poder de fogo dos traficantes em defesa dos territórios por eles dominados impressiona. Gravações exibidas pelo RJ2 mostram homens que pertencem a uma facção criminosa que se estabeleceu no Complexo de favelas do Salgueiro, em São Gonçalo (RJ).


As imagens exibem os criminosos atirando em blindados da polícia. São homens e mulheres que não têm receio de aparecer diante das câmeras. A polícia afirma que o Complexo do Salgueiro é onde bandidos criaram novas fortalezas.

Criminoso com fuzil se exibe nas redes sociais  — Foto: Reprodução

No relatório, a polícia defende que, em poucos anos, o tráfico de drogas se espalhou como um câncer por todas as regiões do estado. Em muitos lugares, os locais conhecidos como “esticas”, antes sob o domínio de pequenos traficantes que buscavam drogas nos grandes complexos de favelas da capital, foram substituídos pelas organizações criminosas.

Mulher faz disparos com arma e vídeo é exibido nas redes sociais


Foi assim na Baixada Fluminense, em Niterói e São Gonçalo. Também na Região dos Lagos, Região Serrana, Costa Verde, Sul Fluminense e Norte do estado.


Nas palavras da polícia, as regiões se tornaram verdadeiros “bunkers” das facções criminosas. Isso gerou a instalação de barricadas, expulsão de moradores das casas e disputa territorial entre quadrilhas rivais.

Bandido está camuflado em meio a matagal 


No documento entregue ao Ministério da Justiça e ao Supremo Tribunal Federal, a Polícia Civil afirmou que a expansão do crime para outras regiões do estado começou com a implantação das Unidades de Polícia Pacificadora, em 2008. Foi durante a implantação das UPPs que os chefes do crime organizado passaram a buscar novos redutos para atuarem.


No entanto, segundo a polícia, esses bandidos jamais perderam contato com os pontos controlados na capital. Hoje, os criminosos estão espalhados 1.413 favelas no interior e na capital fluminense.


Em Angra dos Reis, a região do Belém é um exemplo. Assim como Santa Teresa, em Belford Roxo, na Baixada Fluminense. Na Zona Norte do Rio, traficantes de Parada de Lucas, que já tomaram a Cidade Alta, agora começaram a invadir áreas vizinhas que vão até a linha do trem.

A milícia também se expandiu. Foi para várias comunidades de Santa Cruz e Campo Grande, assim como na Chacrinha, em Jacarepaguá. Em imagens exibidas na reportagem, milicianos promovem um baile funk e exibem fuzis e armamentos pesados.


A polícia aponta que a comunidade é chefiada pelos milicianos conhecidos como Macaquinho e Horárcio. Nas redes sociais, as quadrilhas fazem questão de ostentar armas. Nunca antes foram apreendidos tantos fuzis no Rio de Janeiro.

Conhecido como Johnny Bravo, chefe do tráfico na Rocinha solta pipa 


E, ao mesmo tempo, nunca se viu tanta arma de guerra reunida. Em outra foto exibida pelo RJ2, um dos chefes na Rocinha carrega munição e uma arma ponto 50, a mais potente já identificada na comunidade da Zona Sul do Rio.


Tanto poder dá tranquilidade aos bandidos. O chefe da Rocinha, conhecido como Johnny Bravo, costuma soltar pipa em um dos domínios, durante a quarentena.

Um dos chefes do tráfico na Rocinha se exibe com arma calibre ponto 50 (Fotos: Reprodução)


O colete à prova de balas revela a organização do crime. Nele, está a identificação da quadrilha, nome e número de cada soldado do tráfico.


Impacto no estado

Para demonstrar o impacto do tráfico no estado, a polícia analisou índices de homicídios dolosos (com intenção de matar), de roubos de veículos e roubo de cargas. O crime organizado é responsável por mais da metade desses crimes.


Na própria estrutura do tráfico já existe a figura do “gerente do roubo de carros”. Segundo investigadores, eles são os responsáveis pela tarefa de receber os veículos roubados e dar destino a cada um deles. Pode ser desmanche, clonagem ou devolução – desde que seja pago um resgate.


Desde 2016, as organizações de traficantes participaram de mais de 72% dos roubos de veículos.


O documento conclui que dificilmente alguma cidade do mundo, em tempos de paz, existe também a realidade de “guerra” do Rio de Janeiro.