Método criado no Amazonas e referência no tratamento da Covid 19 será adotado pelo governo do Estado

Manaus- O tratamento contra o Covid 19 no Brasil e no mundo vem tirando o sono de especialistas e da organização mundial da saúde e, com o surgimento da segunda onda da doença em Manaus, uma técnica pioneira no Amazonas criada aqui chamou atenção de especialistas em todo Brasil, principalmente no estado do Ceará que vem conseguindo avanços no tratamentoda da covid19 (VNI) e que agora o governo do Amazonas estuda colocar no tratamento dos pacientes internados, a engenhosa, de baixo custo e criada pela equipe de fisioterapeutas do grupo amazonense de saúde Samel.

Amazonas:

A Secretaria de Estado de Saúde (SES-AM) está discutindo o uso de novas tecnologias no tratamento da Covid-19 em pacientes da rede estadual de saúde. Seguindo exemplo do estado do Ceará, que vem tendo bons resultados na utilização de Ventilação Não Invasiva (VNI) para amenizar o desconforto de pacientes com insuficiência respiratória e reduzir a intubação, a SES-AM pretende reforçar o serviço de fisioterapia nas unidades porta de entrada para a Covid-19.


Batizado de Cápsula Vanessa, em homenagem a uma paciente que foi intubada e se recuperou da Covid-19, o dispositivo é uma espécie de cabine construída com canos de PVC e coberta com plástico transparente. Colocada sobre o paciente, a cápsula tem duas funções principais: servir de barreira de proteção para os profissionais de saúde e permitir a chamada Ventilação Não Invasiva (VNI), com o uso de uma máscara convencional de oxigênio.
Em muitos casos, a VNI pode substituir a intubação orotraqueal precoce, protocolo para o tratamento da doença quando o paciente chega ao hospital com falta de ar. Os efeitos colaterais desse tipo de intubação são o alto uso de respiradores e a demora na recuperação do doente, além de possíveis infecções.
Desenvolvida em parceria com o Instituto Transire, no distrito industrial de Manaus, a cápsula começou a ser usada em março nos hospitais da rede Samel e no hospital de campanha da Prefeitura de Manaus, administrado pelo grupo. Em maio, a OMS (Organização Mundial da Saúde) reconheceu a VNI como opção eficaz para o tratamento de Covid-19. “Fomos pioneiros porque sempre entendemos que a intubação orotraqueal não era necessária na maioria dos casos”, afirma Luis Alberto Nicolau, presidente do Grupo Samel.


Embora eficiente e já utilizada em UTIs, a Ventilação Não Invasiva permite que aerossóis, minúsculas gotículas de saliva resultantes de tosses, espirros e até da fala, fiquem no ar, podendo assim contaminar médicos e enfermeiros. E é aí que entra a Cápsula Vanessa.
Sua estrutura conta com um sistema de exaustor e filtros antivirais e antibacterianos que renovam o ar e criam um ambiente de pressão negativa no interior da cabine. Isso faz com que os aerossóis não escapem quando o zíper é aberto para a realização dos procedimentos médicos e alimentação do paciente.
“Nossa equipe de fisioterapia teve a ideia de fazer a cápsula, que era bem simples no início e depois foi ganhando novas versões”, afirma o médico Daniel Fonseca, diretor técnico do Grupo Samel. “Passamos a usá-la no momento que o paciente chega ao hospital e os resultados foram ótimos, com redução média do período de internação de 15 para 5,7 dias e uma taxa de intubação de menos de 5%”, afirma Fonseca. A redução dessas taxas é chave para desocupar leitos e, assim, evitar um colapso do sistema de saúde.
A Cápsula Vanessa está sendo usada em cerca de 40 cidadesdo interior do Amazonas e em estados como Pará, Acre e Roraima, além da Bolívia. Foram produzidas 2.200 unidades, a maioria doada pelo Grupo Samel aos serviços públicos. As especificações estão abertas na internet, para quem quiser produzir, e seu custo é de R$ 450. A cápsula gera uma proteção extra para os profissionais, mas não elimina a necessidade de EPIs (Equipamentos de Proteção Individual).
“Iniciativas como essa nos ajudaram a dar alta para mais de 1.400 pacientes, sendo 600 só no hospital de campanha”, afirma Luis Alberto Nicolau.